Pedro Marinho – Nosso confronto com os recrutas do 5º BEC no ano de 1982

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Tão logo cheguei a Rondônia fui trabalhar como delegado-adjunto no 3º Distrito policial da capital, tendo como titular o delegado Marcos Santiago, que sendo solteiro e estando eu desacompanhado da esposa que ficara na Paraíba para me seguir posteriormente, me acolheu como hospede na sua residência.
Ainda nos primeiros dias, talvez para fazer um teste comigo, em plena sexta-feira à noite, Marcos Santiago, resolveu  fazer um ronda pela área do 3º Distrito, mais precisamente pelas boates de prostituição localizadas na Jorge Teixeira de Oliveira e seguimos em duas viaturas com cerca de dez policiais incluindo nós dois, recordando agora apenas dos policiais Pimenta e Paulo Afonso, Vianney, Clemido, Banda   e Amiraldo, os dois últimos já falecidos e provavelmente o policial Paulo Afonso.
A primeira boate que adentramos, foi a denominada Copacabana, que se encontrava superlotada e como era de praxe, Marcos Santiago determinou que parassem o som, acendessem as luzes do ambiente e que os homens fossem para um lado do salão e as mulheres para o lado oposto, para que fossem devidamente identificados.
O trabalho de identificação havia começado, quando Marcos Santiago se postou a porta, para impedir a entrada de novos clientes até que fosse tudo concluído, quando em dado momento, escutei uma discussão as minhas costas e quando me virei, verifiquei que ele Marcos Santiago discutia com um jovem com cabelo com o corte típico dos militares e mesmo com o avantajado porte físico dele Marcos, tal pessoa não se amedrontava e falava com ele de forma desafiadora, quando Marcos tirou do bolso a identidade funcional e se identificou ao mesmo exigindo respeito, quando tal pessoa já influenciada por outros jovens com as mesmas características de serem seus colegas militares, deu uma tapa no documento que voou da mão do delegado, caindo quase dentro de uma vala ali existente.
Depois desse fato, ocorreu então entre os militares e nós  um confronto físico, pois mesmo tendo todos os policiais, sacado as respectivas armas, os mesmos em número muito superior a nós, não se amedrontaram e tentavam atrevidamente avançar para tomar as armas das mãos dos policiais, quando o policial Amiraldo, que se encontrava desarmado, em razão de uma punição que havia tomado dias antes,  tomou o revolver  de um dos policiais e ato continuo atirou naquele que começara toda confusão e como eu me encontrava junto dele Amiraldo, vi que tal pessoa foi atingida no rosto, mais precisamente na boca e com o impacto foi projetado a um certa distância, ficando caída ao solo, quando os demais militares fugiram em desabalada carreira.
De volta a delegacia, Marcos comunicou ao secretário de Segurança o saudoso Hélio Maximo, que de forma muito solidaria com os policiais rumou para a nossa delegacia e assumiu o controle total da situação, determinando ele a vinda de reforços de outras delegacias para garantir caso os recrutas resolvessem fazer algum tipo de vingança e ainda na mesma noite, comunicou o fato ao general comandante e também orientou como fazer todo procedimento penal, o que para nós os envolvidos, foi muito bom naquele difícil momento. É oportuno registrar que o delegado Luiz Glaymann, que era diretor da Polícia Metropolitana, veio para a delegacia e ficou a noite inteira, nos orientando e  ajudando.
Nos dias seguintes, o fato foi amplamente divulgado pela imprensa do Estado, o que trazia muita preocupação a todos nós, temerosos de que fossemos punidos pela Corregedoria de Polícia, até  mesmo com  demissão, pois naquela época não tínhamos nenhuma estabilidade funcional  e a minha situação então era então bem mais critica, pois me encontrava ainda em plena observação e poderia encabeçar a lista dos demitidos.
Alguns dias após o acontecido, o diretor Luiz Glaysman, percebendo a nossa aflição, convidou Marcos Santiago  e a mim, para que fossemos os três até a presença do secretário Hélio Maximo, para falar da nossa preocupação com relação às medidas que seriam adotadas pela Corregedoria e fomos gentilmente atendidos, tendo ele Hélio Maximo, após nos ouvir dado a seguinte a tranqüilizadora resposta: ‘Voltem tranqüilos para o trabalho e tranquilizem toda equipe,  pois enquanto eu for secretário, nenhum policial será punido em razão do cumprimento do seu dever”. Por essas e outras  Hélio Máximo é considerado um dos melhores secretários que já passaram péla nossa instituição policial Civil.
Com relação ao recruta atingido na boca, o encontrei anos depois no então Distrito de Vila Nova, quando no intervalo de uma operação, quando a equipe se ausentou  momentaneamente para colocar gasolina na viatura, eu me encontrava sozinho terminando o almoço e eis que uma pessoa se aproximou  e com certa dificuldade ao falar,  indagou se eu era o delegado Pedro Marinho e não tendo eu como negar, de forma precavida informei  que sim, quando ele então se identificou como sendo o recruta atingido pelo tiro e que tinha ficado com sequelas na sua língua, oportunidade que  reconheceu o seu erro e atribuiu o episódio a sua falta de maturidade  naquela ocasião e o incentivo dos colegas tão imaturos quanto ele.

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