Lula trata audiência penal como horário eleitoral

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Josias de Souza
Zanone Fraissat/Folha

Lula pediu a Sergio Moro, por meio dos advogados, que promova mudanças na filmagem do seu depoimento, marcado para quarta-feira da semana que vem. Até aqui, a câmera da 13ª Vara Federal de Curitiba focaliza apenas o depoente. O czar do PT deseja captar outros closes: a cara do juiz, o semblante dos procuradores, a face dos advogados… Quem sabe uma tomada aérea. Talvez um travelling do ambiente.

A petição dos defensores de Lula resume as pretensões do réu-Felini: é preciso captar da audiência o que se passa ‘‘em todo recinto onde ela se realiza”, direcionando a lente da câmera “à pessoa que está a fazer uso da palavra, não a deixando repousar exclusiva e fixamente na pessoa do interrogado, mas, sim, promovendo a gravação da íntegra do ato.‘‘

Esse tipo de preocupação é típico de campanha eleitoral. Nos debates televisivos, a marquetagem proíbe emissoras de filmarem o semblante do candidato quando seu rival lhe dirige uma pergunta. Com isso, evita-se a exibição de reações que denunciem sentimentos como raiva, dúvida, menosprezo. Elimina-se o risco de produzir matéria-prima para as campanhas rivais.

A petição dos defensores de Lula anota que a câmera de Moro, concentrada apenas no interrogado, ‘‘propaga uma imagem distorcida dos sucessos verificados na audiência, impedindo que sejam avaliadas a postura do juiz, do órgão acusador, dos advogados e de outros agentes envolvidos no ato.‘‘

Lula poderia simplesmente pedir a Sergio Moro, como já fizeram outros interrogados, que a audiência fosse apenas gravada, não filmada. Resolveria o problema da suposta “imagem distorcida”. Mas passaria uma noção de medo que o réu deseja evitar. De resto, privaria a plateia dos “sucessos” da inquirição-espetáculo.

Se João Santana não tivesse virado um delator, Lula talvez o convidasse para dirigir as cenas. E a audiência penal viraria, finalmente, um espetáculo hollywoodiano digno de ser exibido na propaganda do horário eleitoral da tevê. A coisa seria feita com todos os recursos que o caixa dois da Odebrecht fosse capaz de pagar.

Ao fundo, soaria uma música apoteótica, para potencializar a mistificação e disfarçar a indigência. Entre uma e outra resposta, seriam exibidos depoimentos de populares —gente tomada de admiração pelo réu-candidato. Uma apoteose!

Lula ainda não se deu conta. Mas vai a Curitiba como réu em ação penal pela prática de crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Espera-se que sua preocupação não se restrinja à forma, mas ao conteúdo do depoimento. A versão do complô de investigadores levianos, delatores torturados e um juiz arbitrário contra ‘‘a alma mais honesta‘‘ do planeta perdeu o prazo de validade.

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