Só abri o portão, não fiquei por perto‘, disse o caseiro ao juiz Sérgio Moro
Cláudio Humberto
Lula chegou a negar esta reunião, registrada em foto e confirmada pelo caseiro.
O caseiro do sítio de Atibaia (SP), Élcio Pereira Vieira, conhecido como Maradona, afirmou ao juiz Sergio Moro nesta quarta-feira (20) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro conversaram no local em 2014.
Segundo Maradona, a conversa aconteceu antes das intervenções na cozinha e no lago. Nesta segunda (18), o encarregado de obras da OAS Misael de Jesus Oliveira disse a Moro que, em 2014, foi convocado para fazer uma reforma no sítio atribuído ao ex-presidente. Durante as obras, a mulher de Lula, Marisa Leticia, teria feitos alguns pedidos específicos a ele.
Maradona relatou ao juízo que o empresário Fernando Bittar, proprietário formal do sítio, ligou e avisou que Léo Pinheiro iria ao local. “Não participei, só abri o portão, não fiquei por perto, não sei o teor da conversa.”
Segundo ele, além de Pinheiro e Lula, também participou da conversa Paulo Gordilho, ex-arquiteto da empreiteira. Maradona disse que Bittar estava na propriedade neste dia, mas que já havia saído no momento do encontro.
Em abril de 2017, Gordilho disse a Moro que foi à casa de Lula, em São Bernardo do Campo, para mostrar o projeto de reforma da cozinha do sítio.
Maradona afirmou que acredita que Gordilho decidiu com Marisa como seria feita a reforma na cozinha. “A dona Marisa gerenciava essa parte da cozinha (…) Totalmente a dona Marisa.” O caseiro disse não saber quem pagou pela obra.
Segundo ele, a OAS também chegou a realizar uma impermeabilização no lago, sem sucesso.
Maradona prestou depoimento como testemunha de defesa de Bittar. Nesta ação, Lula é acusado de ter se beneficiado de R$ 1,02 milhão em benfeitorias no sítio, que teriam sido pagas pela OAS e Odebrecht.
Segundo a acusação, o ex-presidente era o verdadeiro dono do sítio, cujos proprietários formais são os empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar. (Folhapress)