O policial Francisco Alves Cipriano, fala das dificuldades que os policiais civis de Rondônia enfrentaram no passado

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Caros colegas, vou mudar a trajetória das minhas matérias anteriores  e vou falar das dificuldades que todos nós enfrentamos nos primeiros anos da década de 80. Lembro-me que um certo dia eu estava no 1º Distrito Policial, quando chegou o Dr. Francisco Nunes Neto, Diretor Geral da Polícia, juntamente com uns policiais do Amapá e para impressionar  apresentou os mesmos a nós policiais que estávamos  de plantão, como também queria mostrar que tudo ali funcionava bem, pois tinha um rádio em cima de uma mesa que parecia mais um baú, e Dr. Nunes querendo se comunicar com as demais delegacias da capital que estava passando pelo primeiro DP pegou o microfone, porém o aparelho não funcionou, bateu virou e mexeu e não funcionou mesmo, o diretor Nunes que era de pouca estatura, ficou menor ainda, saindo dali de cabeça baixa e ombros arqueados com pelo vexame passado.

Mas os problemas continuavam, tanto que um certo dia de domingo,  já pela noite, fomos avisado que estava havendo uma briga em um banho em um igarapé próximo ao Cemitério do Santo Antônio, então fomos lá uma equipe de quatro policiais eu, Dudu, um policial que não gravei o nome já que posteriormente passou a ser agente penitenciário  e um quarto policial que infelizmente também não recordo o nome, e em lá chegando colocamos ordem no recinto.

Ali mesmo, antes de retornar a delegacia, fomos avisados de que lá na cachoeira de Santo Antônio estava sendo espancado um homem por um motorista de caminhão, fomos até lá e trouxemos o homem até a delegacia para registrar a ocorrência e o motorista do caminhão se comprometeu de no dia seguinte comparecer na delegacia, depois de tudo concluído lá pelas 10 horas da noite o comissário disse que queria ir jantar, eu fui levar o mesmo lá no Marechal Rondon, pois naquela época o plantão era de 24x48hs.

 Por volta da meia noite,  quando estávamos voltando pela Av. Calama, mais ou menos na altura onde fica o Sinsepol, eis que a gasolina acabou, pois naquela época eram fornecidos 10 litros diários de combustível para atender um veiculo como a veraneio.

Diante do impasse ficamos lá pensando o que iríamos fazer, por sorte naquele momento passava a viatura do terceiro Distrito Policial, mais conhecida como ‘ burra preta’, eu acenei com a mão eles não pararam, os mesmos trafegaram um ou dois quilômetros, mas daí certamente doeu a consciência e eles retornaram. Utilizando uma corda de dois ou três metros, amarraram as duas viaturas uma com a outra e seguimos em direção ao primeiro Distrito Policial, devido o comprimento da corda eu achava que o motorista ia rebocar em marcha lenta, ledo engano. Ele acelerou e saiu em disparada pelas vias, ocasião em que  coloquei o pé em cima do pedal do freio, porque qualquer brecada que o motorista fizesse seria inevitável o acidente, finalmente chegamos a delegacia eu saí já fora da viatura, respirei fundo e dei graças a Deus por nada de ruim ter acontecido, porque durante o trajeto não foi possível sequer eu tomar fôlego.

Os problemas continuaram, naquela época o abastecimento das viaturas um dia era em um posto no outro dia já em outro posto e assim por diante, e naquele dia o abastecimento estava acontecendo naquele posto na BR na entrada da colônia dos japoneses, eu com o policial salvador santos fomos abastecer a viatura aquela veraneio, e quando nos chegamos onde hoje é aquele viaduto a gasolina acabou e tivemos que empurrar a mesma até chegar ao posto. É preciso registrar que muitas vezes tivemos que enfiar as mãos nos próprios bolsos para colocar combustível, pois caso contrário teríamos que parar diligencias importes e que não podiam sofrer solução de continuidade, pois senão perderíamos os criminosos da nossa alça de mira.

Como nossa vida profissional o era difícil, porem não terminava por aí, certo dia o comissário mandou eu e o motorista o saudoso Cardosinho e até o quinto BEC escoltar dois soldado trazer os mesmos até esta Delegacia e colocá-los no xadrez, chegando lá um militar veio falar comigo e eu disse que estava ali para levar dois soldados que estava sendo expulsos, ele respondeu que a expulsão estava em andamento e logo mais estaria tudo pronto, ai saiu um militar com uma corneta deu um brado parecendo que estavam partindo pra guerra, soldados desfilaram foi aquele protocolo danado enfim chegaram junto a veraneio os soldados expulsos adentraram no camburão,  ai um oficial se aproximou de mim e pediu que eu ao sair que ligasse a sirene para servir de exemplo para aqueles que lá ficaram. Puxa vida outro vexame a sirene não funcionava.

Tudo era difícil como hoje é diferente antes de me aposentar ainda trabalhei mais de 18 anos no quarto DP. A Delegacia caindo aos pedaços às vezes sendo criticados por pessoas vindas de Manaus e de outras cidades. Porem estou certo de que carregamos bravamente essa instituição policial civil com muito amor e muita garra e assim deixamos um legado admirável para nossos filhos, netos, para a nossa sociedade como um todo e principalmente para as novas gerações de policiais, pois temos hoje  uma polícia bem preparada moderna e que  não deixa nada a desejar as corporações de outros Estados da Federação.

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