Antonio Cruz
Josias de Souza
Convidado a optar entre Dilma Rousseff e o abismo —que muitos acreditam ser a mesma coisa—, o PT deu sua resposta nesta quarta-feira: “Dane-se Dilma.” Depois de muita hesitação, o petismo decidiu que os três deputados que o representam no Conselho de Ética da Câmara votarão a favor da continuidade do processo que pode levar à cassação do mandato de Eduardo Cunha. Com esse gesto, o partido de Dilma desafiou o presidente da Câmara a cumprir a ameaça de deflagrar o processo de impeachment. A Câmara ferve. E Dilma treme.
Desde fevereiro, quando prevaleceu na disputa pela presidência da Câmara, Cunha tem sido o poder de fato em Brasília. Como eminência parda, ele se beneficia dos privilégios do poder com uma vantagem sobre a ocupante da cadeira de presidente da República: a de ser um poder presumido, que nunca precisou de fato provar se é um mito ou se é verdade. Fraca, Dilma nunca pagou para ver.
Por via das dúvidas, Dilma havia decidido novamente não contrariar Cunha no Conselho de Ética. Mas o PT, já afundado no pântano de suas contradições morais, avaliou que já não lhe convém carregar nos ombros as culpas alheias. Cunha tem a força mágica de coagir o poder. Mesmo arrastando as correntes de uma denúncia no STF e do dinheiro escondido na Suíça, ele mete medo no Planalto. Nos próximos dias, o país saberá o quanto há de folclore e de realidade nesse poder jamais submetido a uma aferição.