Vicente NunesEconomia
POR ROSANA HESSEL
Mansueto Almeida, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, provocou polêmica em depoimento hoje na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Ao defender a necessidade de aprovação da Proposta da Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento dos gastos públicos à inflação do ano anterior, disse que, para dar exemplo, o Senado deveria começar cortando os supersalários de seus funcionários.
“O senhores ficam falando que o governo não pode cortar gastos com saúde e com educação para se fazer o ajuste fiscal. Pois a melhor forma de se fazer o ajuste é começando por esta Casa, na qual um consultor legislativo ganha mais do que o teto do funcionalismo (R$ 33 mil), além de horas extras se permanecerem no trabalho depois das 19h. É hora de se discutir isso”, afirmou ele, em meio a um silêncio ensurdecedor dos senadores que o sabatinavam.
Mansueto, visto como uma das referências dentro da equipe chefiada por Henrique Meirelles, afirmou ainda que não é aceitável que um assessor parlamentar do Senado ganhe R$ 18 mil por mês enquanto ele, como secretário, recebe R$ 11 mil (o salário final é maior, porque é funcionário de carreira do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Ipea). “Já trabalhei nesta Casa e sei quais são os salários aqui”, frisou.
Para o secretário, o governo deve priorizar uma reforma estrutural das carreiras do serviço público para corrigir distorções. “Com certeza, essa reforma será muito bem-vinda”, assinalou. A maior distorção ocorre no salário de entrada das pessoas aprovadas em concurso. Muitos, sobretudo na elite do funcionalismo, entram recebendo praticamente o que é pago aos servidores que estão em fim de carreira. Assim, não há a meritocracia, os servidores se desmotivam e quem paga a conta é a sociedade, por meio de um péssimo serviço prestado.