SLim
Josias de Souza
Considerando-se tudo o que a CPI da Petrobras já foi capaz de produzir, seus integrantes renderiam homenagens ao contribuinte se fechassem a conta e descessem do palco de fininho. Deu-se, porém, o contrário. Em decisão avalizada pelo plenário da Câmara, a CPI decidiu esticar suas atividades por mais 60 dias. Terminaria em 25 de junho. Com a prorrogação, vai até 25 de agosto.
Deve-se o pedido de prorrogação ao presidente da CPI, o deputado Hugo Motta (PMDB-PB), alçado ao posto por indicação do mandachuva da Câmara, o investigado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Graças ao preferido de Cunha, a CPI evoluiu da inutilidade para o ridículo. Dias atrás, Motta anunciou que mandaria exumar o cadáver de um personagem do escândalo, o ex-deputado José Janene (PP-PR). Deu meia-volta depois que a família do morto estrilou.
A prorrogação da CPI potencializa a desmoralização do Legislativo. Até aqui, a comissão serviu apenas para exibir à plateia a eficácia da blindagem oferecida aos 47 políticos enrolados na Lava Jato. São filiados a cinco partidos. Há na lista 22 deputados federais, 12 senadores, 12 ex-deputados e uma ex-governadora. A CPI não teve interesse em convocar nenhum deles. Eduardo Cunha ofereceu-se para depor. Falou o que quis. E ouviu mais elogios do que perguntas.
Sem contar os requerimentos pendentes de apreciação, há sobre a mesa da CPI mais de uma centena de pedidos de convocação já aprovados. Estima-se que terão tanta serventia quanto as inquirições já realizadas até aqui. Ou seja, nenhuma. A comissão torra a paciência e o dinheiro do contribuinte brasileiro forçando uma porta que a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o doutor Sérgio Moro já arrombaram.