Senador Aécio Neves (PSDB-MG) recua ao ser questionado se já há razão jurídica para o impeachment: “Acho que ainda não está claro. Reconheço isso. Mas nada impede que dentro de algum tempo isso ocorra, porque as denúncias são muito graves”; tucano tenta justificar legalidade do golpe, em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar; “É preciso que se diga que impeachment, ao contrário do que muitos alardeiam, é uma previsão constitucional”, afirmou; e disse ainda concordar com Dilma que seu mandato é legítimo, por ter sido conquistado no voto, mas ressaltou que “se o voto, eventualmente, foi obtido de forma fraudulenta, foi obtido com dinheiro de propina ou com as instituições se submetendo ao interesse do candidato, isso tira a legitimidade do voto”
247 – Um dos principais defensores da saída da presidente Dilma Rousseff antes do fim de seu mandato, em 2018, o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, admitiu que não há motivo jurídico “claro” atualmente para que haja um impeachment. A declaração foi feita ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT.
Na conversa, Aécio tentou justificar a legalidade do golpe. “Em primeiro lugar, é preciso que se diga que impeachment, ao contrário do que muitos alardeiam, é uma previsão constitucional”, disse, lembrando que “o Brasil viveu, e não faz muito tempo, um processo de impeachment”, em referência a Fernando Collor.
“E as instituições continuaram funcionando adequadamente. Feita essa ressalva, é preciso que haja as condições jurídicas e políticas”, acrescentou. Questionado se “já há razão jurídica”, respondeu: “Acho que ainda não está claro. Reconheço isso. Mas nada impede que dentro de algum tempo isso ocorra, porque as denúncias são muito graves”.
Aécio disse concordar com a declaração de Dilma de que seu mandato é legítimo, por ter sido conquistado no voto, mas ressaltou que “se o voto, eventualmente, foi obtido de forma fraudulenta, foi obtido com dinheiro de propina ou com as instituições se submetendo ao interesse do candidato, isso tira a legitimidade do voto”.
Lembrado, pelo jornalista, que isso não foi, até o momento, apontado contra a presidente, Aécio confirmou: “Não foi. Nós estamos tendo absoluta serenidade. Como você disse no início, sou presidente hoje do maior partido de oposição. Nossa posição é de respeito absoluto à Constituição”.
O tucano destacou que “o que é grave hoje, a meu ver, deve ser motivo de enorme preocupação para todos nós, é a perda crescente de capacidade de governança da presidente da República. Hoje nós temos um quadro econômico que se deteriora a cada dia, com a inflação de alimentos já acima de dois dígitos há muito tempo, tirando comida, da mesa do trabalhador. Os juros na estratosfera. Hoje, cerca de 55 milhões de brasileiros estão com prestações atrasadas há mais de 90 dias. Além disso, temos uma economia parada que vai crescer…”
O senador discordou da tese de empresários, mencionada por Kennedy, de que a oposição, por ser tão aguerrida, contribui para o clima de instabilidade política no País. “Não acho. Não acredito que seja de um empresariado sério, porque seria responsabilizar a oposição pela irresponsabilidade do atual governo”, opinou.