Na visão da revista, não é o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, com suas milionárias contas secretas na Suíça, está à beira do precipício, mas sim a presidente Dilma Rousseff, acusada de cometer ‘pedaladas fiscais‘; publicação afirma, ainda, que, para se salvar, Dilma terá que fazer um acordo com Cunha; no entanto, até colunistas alinhados com o PSDB, como Eliane Cantanhêde, afirmam que, no quadro atual, um impeachment com Cunha à frente da Câmara se tornou inviável; “Que valor teria para a cidadania, para o mundo e para a história um impeachment comandado por Eduardo Cunha?”, questiona Cantanhêde; ela diz ainda que o parlamentar se transformou em “bode na sala” para a oposição
247 – Neste fim de semana, a revista Veja perdeu mais uma oportunidade de dedicar sua capa ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), flagrado com diversas contas secretas na Suíça, por onde passaram mais de R$ 23 milhões nos últimos anos.
Na visão de Veja, quem está à beira do precipício é a presidente Dilma Rousseff, acusada de cometer ‘pedaladas fiscais‘, e não Cunha, investigado por corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Mais do que isso, Veja afirma ainda que Dilma só preservará seu mandato se conseguir costurar um acordo com Cunha, como se ele ainda estivesse no auge de sua força.
No entanto, até mesmo colunistas alinhados com o PSDB, como a jornalista Eliane Cantanhêde, discordam dessa visão. Em sua coluna deste domingo, ela afirma que Cunha se transformou num “bode na sala” para a oposição.
“Que valor teria para a cidadania, para o mundo e para a história um impeachment comandado por Eduardo Cunha?”, questiona Cantanhêde. “Já do ponto de vista da oposição, se foi cômodo usufruir dos poderes e das benesses de Cunha, que na presidência da Câmara deu comissões, vagas em CPIs e destaque para os tucanos, deixou de ser conveniente articular impeachment liderado por um camarada atolado em denúncias gravíssimas. Como reagiriam as principais entidades a um impeachment com Cunha no centro do picadeiro?”.
De fato, a cruzada moralista do PSDB se tornou inviável desde que seu principal aliado, o “camarada” Cunha, apareceu “atolado em denúncias gravíssimas”.