Gustavo Lima
Josias de Souza
É dura a vida do brasileiro em dia com suas obrigações tributárias. Sob Lula e Dilma, estruturou-se na Petrobras um bilionário sistema de pilhagem. O assalto é estimado em cerca de R$ 20 bilhões. E o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), relator da CPI da Petrobras, decidiu tratar o contribuinte como imbecil.
Luiz Sérgio apresentou na noite desta segunda-feira seu relatório final. Nele, culpou os empreiteiros e os maus servidores pelo assalto, livrou a cara dos políticos e concluiu que não houve “corrupção institucionalizada” na Petrobras.
“A mais importante conclusão dessa CPI é que a Petrobras foi vítima de um cartel de maus fornecedores”, anotou o relator. Absteve-se de mencionar que o Planalto loteou as diretorias da maior estatal do país entre partidos aliados, dando-lhes salvo-conduto para roubar.
Como se fosse pouco, Luiz Sérgio criticou a força-tarefa da Lava Jato e o juiz Sérgio Moro pelo “excesso de delações premiadas.” Sugeriu que a lei que trata do tema, sancionada por Dilma, seja alterada para impedir que réus presos se convertam em delatores. Se essa regra já estivesse em vigor, não haveria Lava Jato.
Não é só: o relator tentou tapar com sua peneira a luminosa evidência de que um pedaço das propinas extraídas da Petrobras virou doação oficial de campanha, registada na Justiça Eleitoral pelos partidos e seus candidatos. Para Luiz Sérgio, as conclusões da Polícia Federal e da Procuradoria sobre essa matéria seriam “superficiais”, porque desconsideram o fato de as empreiteiras terem doado dinheiro para candidatos de vários partidos, entre eles PT e PSDB.
Beneficiário de um repasse de R$ 200 mil feito em 2014 pelo empreteiro Ricardo Pessoa, coordenador do petrocartel, Luiz Sérgio reincide numa mumunha manjada. Ele generaliza a prática da doação de verbas de má origem não para combatê-la, mas para institucionalizá-la.
Se o dinheiro que o PT e seus aliados lavaram no TSE tivesse saído do bolso do companheiro Luiz Sérgio, tudo bem. O diabo é que toda essa verba tem uma origem única e conhecida: o bolso do contribuinte.
De resto, Luiz Sérgio esboçou em seu relatório uma pantomima típica da era petista: a máfia sem capo. Antes mesmo do término da Lava Jato, sustentou que não há como impor nenhum tipo de responsabilidade aos ex-presidentes da Petrobras. Acha impossível atribuir qualquer tipo de culpa também a Lula e a Dilma. Decerto foi tudo obra de marcianos.
Nada de extraordinário, sobretudo se for considerado o fato de que Luiz Sérgio também não conseguiu enxergar um culpado na figura notória do presidente da Câmara. “Em que pesem as inúmeras notícias veiculadas recentemente sobre contas bancárias no exterior das quais o deputado Eduardo Cunha seria beneficiário, o fato é que esta CPI não recebeu prova alguma destas afirmações, não cabendo a este relator adotar providências‘‘, ele escreveu.
É mesmo dura a vida do contribuinte brasileiro. O sujeito passa oito meses financiando todos os custos de uma CPI —o palco, a iluminação, as imagens, o som, o cafezinho, as viagens, a casa oficial, a comida, o celular, o transporte, os assessores e os salários dos atores— para ser chamado de imbecil no relatório final.