Moro garante que jamais será candidato

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LUCIO BERNARDO JR:
Ao participar de comissão especial criada para analisar o projeto de lei sobre dez medidas de combate à corrupção, na Câmara dos Deputados, o juiz federal Sergio Moro, da Lava Jato, assegurou que não pretende concorrer a mandato eletivo; “Nenhuma chance. Sou juiz profissional. Minha carreira é na magistratura e não pretendo sair [candidato]”, afirmou, ao responder a uma pergunta do deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP); o juiz declarou ainda estar “cansado” com os trabalhos da investigação de corrupção na Petrobras; segundo ele, a declaração de que pretendia acabar seu trabalho na Lava Jato até o fim do ano é mais um desejo do que uma previsão; “Foi mais um comentário que eu fiz e um desejo de acabar com esse processo. Estou cansado”

Do Infomoney – Nesta quinta-feira, na primeira audiência pública da comissão especial criada para analisar o projeto de lei sobre dez medidas de combate à corrupção, o juiz federal Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba afirmou que não pretende concorrer a mandato eletivo. “Nenhuma chance. Sou juiz profissional. Minha carreira é na magistratura e não pretendo sair [candidato]”, afirmou Moro ao responder à pergunta do deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP).

Ele afirmou ainda que a declaração de que pretendia acabar seu trabalho na Operação Lava-Jato até no fim do ano é mais um desejo do que uma previsão. O juiz destacou que continuará atuando enquanto existirem fatos que exijam isso. “Foi mais um comentário que eu fiz e um desejo de acabar com esse processo. Estou cansado”.

Hoje, ele ainda defendeu a revisão das penas mínimas aplicadas em casos de corrupção. Convidado para a primeira audiência pública da comissão , Moro disse que, ao definir sentença a esses criminosos, os juízes partem da pena mínima. Para o magistrado, isso pode prejudicar a condenação. “Com penas mínimas, que partem de 2 anos, há grande chance de um crime não ser apenada de forma proporcional”, alertou ao citar o crime de lavagem de dinheiro que prevê penas de 3 anos a 10 anos. De outro lado, Moro também ponderou que há casos em que o juiz pode reduzir a sentença, ainda que se trate de práticas corruptas.

“Eventualmente podem ter casos de corrupção envolvendo condutas mais triviais”, explicou ao citar o caso de um policial rodoviário federal que roubava bateria de carros apreendidos em depósitos. “Nesses casos se justifica um tratamento mais leniente. Para alguns crimes, se o criminoso é primário e é de pequeno valor a vantagem, o juiz pode diminuir a pena de 2 a 3 terços. Não que não mereça censura, qualquer crime merece censura, mas menor”, acrescentou.

Sérgio Moro também alertou para o excesso de habeas corpus. Segundo ele, o recurso deve ser restrito a pessoas que estão presas. “Têm ocorrido uma certa deturpação nos últimos 20 anos”, afirmou ao se referir à concessão do habeas corpus para investigados e testemunhas, como têm ocorrido com pessoas convocadas a falar em comissões parlamentares de inquérito.

Projeto anticorrupção

Mais de uma vez, Moro disse que concorda com o texto que foi encaminhado pelo Ministério Público e explicou que apenas elencou algumas sugestões de mudança. Neste rol ainda apontou a possibilidade de considerar todo o patrimônio de um “criminoso profissional” como bens a serem confiscados. “Há casos envolvendo criminosos profissionais em que é muito dificil identificar o bem que foi o produto do crime especifico. Mas é possível chegar à conclusão que todo o patrimônio daquele cidadão é produto de atividade ilegal”, disse, ao citar o Artigo 4º do projeto que trata de confisco alargado.

Moro citou como exemplo corruptos reincidentes e traficantes, como Fernandinho Beira-Mar, condenado por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Na operação, a polícia apreendeu drogas e parte do patrimônio do traficante, mas, para Moro, todo o seu patrimônio deveria ser considerado resultado do crime, pois era a atividade exercida por ele.

Partidos políticos

Sérgio Moro defendeu vários pontos do texto, como o que trata da responsabilização dos partidos políticos. “Não são instituições que servem a si mesmas, mas expressões de camadas políticas da sociedade. Se eventualmente estiverem envolvidas em atos ilícitos, tem que haver alguma consequência prevista nas legislações”, afirmou, ao citar também a criminalização da prática de caixa 2 de campanha.

Um dos responsáveis pela Lava Jato, Moro foi recebido na Câmara na manhã de hoje como celebridade. Um forte esquema de segurança limitou a passagem de jornalistas e servidores a acessos da Casa. Vários funcionários fizeram questão de aguardar a passagem do convidado para cumprimentá-lo pelas investigações.

Na parte externa do plenário, um grupo de manifestantes gritam a favor de Moro e tentam acessar o Plenário 2, onde o magistrado conversa com parlamentares em audiência pública.

(Com Agência Câmara)

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