Considerado na época o maior assalto a banco no Brasil em volume de dinheiro.
Jair Queiroz
Parte II
No sábado pela manhã uma equipe de reportagem da Rede Globo chegou a Porto Velho, comandada pela jornalista Glória Maria, que na época fazia matérias para o Fantástico. Fui designado para acompanha-los e guiar a equipe. Encontrei-os na SSP e de lá seguimos para a casa da Tesoureira. Concluída a entrevista íamos para a Central de Polícia, mas chegou-nos a informação de que o Delegado Pedro Marinho tinha abordado e dado voz de prisão à dois suspeitos no aeroporto.
COMO SE DEU A PRISÃO
O Delegado Marinho foi acionado após o Sr. Canindé ter ligado para a Delegacia dando conta de que estava numa agencia de viagens localizada no Aeroporto, muito nervoso, pois que tinha constatado a presença de dois dos assaltantes transitando pelo local. Imediatamente o Delegado, juntamente com agente Nogueira e outro, cujo nome não foi informado, seguiu para o local. Lá chegando, dirigiu-se a tal agência onde encontraram o auditor escondido atrás da cortina e tremendo de medo. O homem contou então o que viu e descreveu as características e roupas dos elementos. De posse das informações o Del. Pedro Marinho caminhou pelo local e logo reconheceu o Sargento que tentava se passar por simples passageiro. Valendo-se da experiência continuou em frente sem chamar a atenção e num dado momento, estando ao lado dele, sabendo que poderia de reagir e por em risco a vida de transeuntes, imediatamente o agarrou, imobilizando o seu braço direito para evitar possível reação e deu-lhe voz de prisão, falando baixo ao seu ouvido para não causar pânico. O homem não reagiu e disse: – “Sou eu mesmo que o senhor busca Delegado. Não vou reagir. Isso é um jogo e desta vez eu perdi o jogo!”. Cuja abordagem inspirou o editor do Jornal a Tribuna que no dia seguinte publico na capa do referido Jornal: “No jogo da vida sargento perde para delegado”
Foi então o preso ‘Sargento’ algemado juntamente com o parceiro que a essas alturas também já havia sido enquadrado pelo Delegado Deraldo Scatalon que comandava outra equipe que acorreu ao local.
Os detidos foram imediatamente colocados em duas viaturas e conduzidos à Delegacia Metropolitana onde, ao serem inquiridos, tentaram convencer o Diretor Geral, Delegado Wanderley Mosini, o próprio Dr. Marinho e outras autoridades presentes, de que o dinheiro já havia sido retirado da cidade, porém a experiência falou mais alto. Não teria sido fácil passar pelo cerco policial levando aquela quantia de dinheiro, logo, essa afirmação não batia. Disse então o Dr. Marinho: – “Deixa de conversa, cabra, e fale logo a verdade! Se não abrir aqui vamos já para a sala da SEVIC do Patrimônio e lá a conversa vai ser diferente!” Bastou a “sugesta”! – “Ok, doutor! O dinheiro está escondido numa casa que alugamos na Rua Uruguai. Fica atrás do Supermercado Teixeira. O restante do nosso pessoal também está lá”.
Após a revelação do endereço do esconderijo imediatamente uma equipe comandada pelo Delegado Silvio Machado cercou o local numa megaoperação. Os bandidos não tiveram tempo para reagir e se entregaram, exceto um que se evadiu pulando o muro, invadiu a casa vizinha onde foi encontrado e preso escondido dentro do forro, atrás da caixa d’água. Os presos revelaram aos policiais que o dinheiro estava entocado dentro de um fogão, nos armários, guardas roupa, embaixo das camas, enfim em todos os espaços possíveis.
Nesse ínterim descobriu-se que um terceiro homem, de codinome Bill, havia conseguido passar despercebido na abordagem no Aeroporto e teria embarcado para Manaus. Imediatamente o Diretor Geral fez contado com o Polícia Civil daquela Capital e o meliante foi detido assim que desceu da aeronave. Ou seja, nenhum conseguiu burlar a reação da Polícia.
Eram bandidos contumazes nesse tipo de operação, homicidas e ladrões, sendo que um deles, o sujeito alcunhado de Chapelão, tinha mais de 100 anos de condenação para cumprir, inclusive pelo assassinato de um policial em João Pessoa (Jornal A Tribuna). Foi uma operação nunca antes executada pela Polícia Civil de Rondônia. As primeiras notícias davam conta de que o Banco guardava na época cerca de 500 milhões de cruzados e que todo esse dinheiro havia sido roubado.
O período do sábado à tarde então foi destinado a carregar pacotes, aliás, fardos de dinheiro que encheram portas malas de viaturas, uma Kombi, apreendida dos próprios assaltantes, enfim, em vários carros para serem transportados para o Gabinete da Secretaria de Segurança Pública, onde seriam tomadas as providências legais quanto à restituição à instituição bancária. A equipe da Rede Globo teve a oportunidade de cobrir ao vivo toda essa operação.
Nota: Não é possível mencionar a lista completa dos envolvidos na operação, em especial de todos os agentes, escrivães e demais integrantes, pois praticamente todo efetivo foi acionado rapidamente naqueles dias. Registramos, contudo, algumas autoridades que tiveram envolvimento mais direto na prisão e nos procedimentos legais que a seguiram: O Secretário Eurípides Miranda Botelho; Diretor Geral: Wanderley Martins Mosini. Delegados: Pedro Manoel Macedo Marinho, DAT; Deraldo Scatalon, Carlos Eduardo Ferreira, Francisco Cândido Marculino, Aparecida Lacerda, Francisco Esmone Teixeira, Silvio Machado, José Francisco Ferraciolli. Registramos também o apoio fundamental da Polícia Militar. Prossegue no próximo capitulo.