No final do ano de 81 para o inicio de 82 eu nomeado como agente de polícia, chegava ao primeiro 1º DP da capital, onde existiam vários policiais e muitos novatos deles sequer se conheciam e eu era um deles.
Ao chegar ali não conhecia absolutamente ninguém e os outros também não me conheciam, ao adentrar na delegacia, procurei me informar quem era o comissário e me apontaram quem era a pessoa, quando me aproximei dele me apresentando e lhe entregando um memorando enviado pelo policial Antonio Guimarães, que era secretário do Diretor Geral.
Naquela ocasião, o comissário deu uma olhada no documento e entregou o mesmo a um policial do plantão e mandou que eu acompanhasse até a sala do delegado e chegando lá me deparei com o Dr. Jório Ismael da Costa, quando ali conversamos um pouco e ele mandou chamar a sua secretaria, que era Fátima Sampaio e mandou que a mesma me apresentasse a os demais funcionários.
Ela de posse do oficio me fez acompanhá-la e entramos no cartório, onde se encontravam dois policiais, o policial Juscelino do Amaral e o policial Antônio Brito, este último já falecido, naquela ocasião ambos se levantaram e me receberam calorosamente me abraçando e dando boas-vindas. Dali seguimos para a sala da SEVIC onde também fui bem recebido pelo chefe da SEVIC e sua equipe, depois fomos a copa onde tinha três funcionarias a Iraci a dona Hilda e a Nazaré, onde recebi três forte abraços, dali voltamos para o comissariado onde fui apresentado aos demais policiais plantonistas. Naquele dia a secretaria deu uma olhada na escala de plantão procurou saber se eu queria ficar na mesma hora, porque eu tinha ainda três dias para me apresentar, eu ao observar os policiais senti que todos estavam felizes com a minha presença, então optei por ficar, sendo o meu nome imediatamente escrito na escala do plantão. Fazendo parte daquela turma de plantão e já trabalhando, procurei logo me entrosar, conversando com todos os plantonistas querendo saber de tudo um pouco, pois de polícia eu não sabia de absolutamente nada.
Dias depois de trabalho eis que chega à delegacia o Doutor Lamarques Medeiros, não me recordo se o mesmo retornava de férias ou de alguma viagem. Naquela ocasião, o Dr. Jório me apresentou ao mesmo, pois eu era um policial novato e ele o Delegado Lamarques não me conhecia, tendo o mesmo me cumprimentado e indagado o meu nome, quando então lhe informei que me chamava Francisco Alves Cipriano, tendo o mesmo respondido que a partir daquele momento, eu seria chamado naquela repartição apenas de CIPRIANO.
Naquele mesmo dia, o delegado Lamarques falou para o delegado Jório que necessitava de um motorista para dirigir a sua viatura descaracterizada, tendo Jório respondido que eu Cipriano, era motorista dos bons, já que exercia a profissão de taxista, tendo Lamarques de imediato me entregue a chave de seu Gurgel de cor amarela e dizendo que nos dias em que ele estivesse de plantão eu seria o motorista dele.
Como já disse, eu sendo novato não conhecia a maioria dos policiais, identificando praticamente só os colegas do nosso plantão e certo dia chegou a delegacia um homem sangrando de um dos ouvidos, e eu não o conhecendo não sabia que se tratava de um policial e que era lotado exatamente naquela delegacia.
Naquele momento da queixa do mesmo, o Delegado Lamarques que se encontrava ali, mesmo sendo um dia de domingo – era muito comum no passado os delegados comparecerem a suas delegacias nos fins de semana – verificando ele Lamarques aquela situação ficou preocupado e foi logo querendo saber como aquilo tinha acontecido, tendo o ferido se identificado como policial e dado as explicações que havia sido agredido por um peladeiro, quando então o delegado revoltado e sem sequer querer saber o resto da história, ao ser informado que o fato tinha acontecido em um campo de futebol, por atrás do ginásio Claudio Coutinho, determinou que nós pegássemos uma viatura e fossemos até o campo de peladas, para trazer até a sua presença o peladeiro valentão.
Recebida a ordem, nós saímos em busca do tal elemento, porem quando no local indicado, o mesmo já tinha se ausentado, quando então saímos perguntando a uns e a outros e ninguém dava noticia alguma, porem um dos jogadores de peladas disse que conhecia o mesmo e deu o nome endereço detalhadamente e eu como trabalhava com táxi conhecia praticamente todas as ruas de porto velho pois a cidade naquele tempo era pequena e logo localizamos o infrator e comunicamos que o delegado Lamarques queria a presença dele no primeiro DP.
Ele entrou na viatura e nos dirigimos para a Delegacia, chegando de volta o Delegado já estava impaciente, pois estávamos demorando bastante, ele irritado foi logo querendo saber do agressor motivo da agressão, tendo o mesmo se sentado numa cadeira e dado inicio a contar a sua versão dos fatos, quando então o delegado Lamarques, mesmo sendo uma pessoa de pequena estatura, com aquele seu jeito nordestino bem atarantado, não se conteve e sequer conseguiu ouvir todo relato do infrator e como ele Lamarques, usava frequentemente umas botas amarelas do salto alto, tirou uma das botas do pé e a levantou no propósito de metê-la na cabeça do infrator, quando então o elemento vendo a situação , rapidamente revelou ao delegado e a todos que era policial, oportunidade que o delegado procurou saber o seu nome, tendo o mesmo respondido que chamava José Torres, quando então Lamarques procurou saber da sua lotação, tendo ele dito que era lotado no Ditel – Divisão de Telecomunicações.
O Delegado calçou a bota e pensou bastante e quando todos imaginavam que iria acontecer o pior com José Torres, Lamarques encarou os dois policiais envolvidos na briga e pediu que eles se cumprimentassem com um aperto de mão, pois como os dois não se conheciam anteriormente o fato era para ficar esquecido e se virando para mim, mandou que eu fosse deixar o José Torres em sua residência, esclarecendo que éramos uma família e que todos policiais obrigatoriamente tinham que serem amigos e solidários uns com os outros.