Francisco Alves Cipriano conta a sua história na Polícia Civil

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No ano de 1981 quando entrei na Polícia Civil de Rondônia, fui lotado no 1º DP e durante o segundo dia de serviço, quando eu me encontrava naquela delegacia, chegou uma jovem apavorada comunicando que naquela noite não havia dormido, devido ao seu irmão que havia sido abandonado pela sua esposa e consequentemente ficou descontrolado, quebrando tudo que encontrava pela sua frente.

Ela pedia ajuda ao Delegado Dr. Jório Ismael da Costa, que então solicitou um barco, daqueles que ficam ancorados no porto do Cai’água e assim foi atendido de imediato. E ai lá fomos nós para outra margem do Rio Madeira. Na equipe eu o Policial Ivan e o Policial Lucimar. Não portávamos nem se quer um canivete durante a diligência e chegando lá, procuramos por tal elemento e fomos informados que ele se encontrava dormindo em uma casa de farinha nas proximidades.

No Maranhão, quando acontece de um casal se separar, automaticamente ambos recebem o nome de “cendeiro” e “cendeira”, neste caso, o cendeiro estava dormindo em uma rede, quando então  o Policial Ivan balançou o punho da rede e o “monstro” acordou e olhou para nós, com os olhos de “cachorro doido”. Eu digo “monstro” porque ele aparentava ter entre 25 e 30 anos, não era magro nem muito gordo, tinha 2 ou mais metros de altura e quando o Policial Ivan falou em Polícia, o monstro se levantou e foi até em uma prensa, no qual é um chiqueiro de madeira, onde imprensa massa para fabricação de farinha e se armou com um pedaço de pau e veio em nossa direção.

Porém, antes de ele nos atacar, o elemento resolveu atacar primeiro quem provavelmente o havia denunciado e assim foi até a casa de seus pais, nesse momento, vi várias pessoas pulando embaixo do assoalho da casa e se embrenhando no matagal com medo do monstro e assim ele voltou em nossa direção. Nós ficamos apenas olhando um para o outro pensando o que fazer naquela situação, pois de armas não tínhamos um canivete se quer, eu pelo fato de estar no segundo dia de serviço e os outros talvez porque também tinha poucos tempo de serviço e não portavam armas, assim o tal elemento passou bem próximo de nós, olhando com aquele olhar ameaçador e em seguida voltou em direção a casa de seus pais e não encontrou ninguém para agredir.

Em seguida, elemento voltou em nossa direção e o Policial Ivan teve a ideia de que a gente deveria atacar o elemento antes de ele nos atacar e disse para quando ele se aproximar, O Policial Ivan partiu para cima dele e ao pegá-lo por cima dos braços, para que eu colocasse as algemas nos braços do elemento e assim foi o que aconteceu.

Quando o elemento estava a uma distância de 3 metros de nós, armado com aquele pedaço de pau velho, o Policial Ivan partiu para cima dele e fechou por cima dos braços e eu, de imediato coloquei as algemas e o elemento soltou o pedaço de pau velho no chão e ficou completamente sem ação, dali por diante, saímos empurrando ele e ao chegarmos no barco, colocamos ele dentro e voltamos em direção ao Porto do Cai’ nágua.

Chegando de volta à cidade, tiramos o sujeito do barco, subimos o barranco e chegamos com ele algemado no 1º DP e o elemento foi apresentado ao Delegado Dr. Jório, no qual ficou muito contente em ver seus policiais com aparência fisicamente frágeis, sem uso de armas, usando somente a força física e a coragem de dominar um gigante daquele porte.

Esta é umas das muitas histórias de nossa Polícia Civil de Rondônia e ao nosso colega Policial Ivan, eu envio um grande abraço, pois a tempo não o vejo e ao nosso colega Lucimar, que a quase 40 anos eu não tenho notícias do mesmo e nem sei por onde ele anda e nem o que está fazendo, porém onde ele estiver, desejo ao mesmo muita paz e saúde e peço a ele que se sinta honrado por mim, fazendo constar o nome dele em uma de nossas histórias da nossa querida Polícia Civil de Rondônia.

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