Nos anos 80 em data que não consigo relembrar, fui chamando as pressas no Gabinete do Diretor Geral da Policia, Francisco Esmone Teixeira e ali fui avisado de que teria de imediatamente, acompanhado de um escrivão e de um agente de polícia, ir de avião até a Mineração Oriente Novo, nas proximidades da cidade de Ariquemes, pois um individuo havia invadido a área de mineração daquela empresa e tentado furtar um saco de 30 quilos de cassiterita, quando foi surpreendido pelos seguranças e preso. Informou o diretor, que nós deveríamos levar apenas o material para lavrar o flagrante, pois usaríamos usando a maquina de escrever da citada mineração.
Naqueles tempos, os recursos para deslocamento e diárias dos policias era bem escassos e a mineradora sempre que necessitava de algum apoio, pagava aos policiais generosas diárias, que normalmente eram pagas aos seus técnicos, quando em deslocamentos pelo Estado de Rondônia, razão pela qual eram sempre bem vindas, considerando ainda que os nossos salários eram bem pequenos. O fato é que naquela ocasião, foi dito que nos três receberíamos três diárias, quando lá chegássemos.
Ao chegarmos à Mineração Oriente Novo, descemos do pequeno avião e fomos recebidos pelo chefe da segurança, que nos levou para o local onde se encontrava recolhido o ladrão. Ao se abrir a sala, com surpresa, verificamos que o sujeito tinha aberto um buraco no telhado do prédio e fugido do local e o pior, levando consigo o saco de cassiterita, que desnecessariamente e estranhamente, havia sido deixado com ele, para segundo os seguranças da empresa, caracterizar o furto quando da nossa chegada.
O fato é que diligenciamos por toda área da mineração e pelas estradas adjacentes e o sujeito jamais foi encontrado e muito menos a res furtiva, o que deixou os seguranças numa situação bem complicada, para não dizer hilária.
Depois de uma excelente estadia, acomodados em confortáveis dormitórios e recebendo refeições de muito boa qualidade, preparadas por especialistas da cozinha, voltamos já no seguinte para Porto Velho. Como de praxe, na hora da partida, recebemos cada um da equipe, um envelope branco com as três diárias no seu interior e embarcamos no avião, levando conosco o engraçado episódio e junto com o piloto da aeronave, demos boas gargalhadas daquela surreal situação, que definitivamente marcou a minha história na Polícia Civil e dos dois companheiros policiais de viagem, que hoje infelizmente não recordo quem eram e quais os seus nomes.