Um episódio bem marcante da rudeza de Humberto Morais de Vasconcelos, se deu com o ex-delegado Cândido ( nome é fictício para preservar o ex-delegado) da primeira turma de delegados formada pelo Estado de Rondônia.
O delegado Cândido, era há bastante tempo delegado titular do 1º Distrito Policial na capital e certo dia com a sua equipe – quem sabe querendo mostrar serviço – saiu pelo Bairro do Mocambo, abordando todo muito e entrando nas casas, pedindo nota fiscal de tudo e na falta dela a nota fiscal aprendia televisão, rádio, bicicleta e tudo que via pela sua frente, tendo casos que o dono do imóvel estava assistindo a televisão e ele o delegado desligava a TV direto na tomada e mandava levar para as viaturas.
Em determinado momento, eis que vinha um cidadão trafegando numa bicicleta, quando então o delegado segurou no guidão da mesma e indagou: ‘Cadê a nota fiscal dessa bicicleta?”e como a pessoa não tinha ali tal comprovante, não teve jeito a sua bicicleta foi uma das apreendidas e também levada para a delegacia que ficou lotada de objetos.
O problema é que o cidadão que teve a bicicleta aprendida era vigia da residência da Secretaria do Planejamento Janelene Melo, uma pessoa com muito prestigio e que muitas vezes assumia o Governo do Estado nos impedimentos do Governador Jorge Teixeira de Oliveira, que aquela noite dormiu sem vigia na sua residência.
Logo nas primeiras horas da manha Janelene foi procurada pelo vigia que lhe narrou os fatos tendo ela imediatamente telefonado para o secretário Humberto, que bem constrangido lhe pediu mil desculpas e disse a mesma que iria resolver o caso imediatamente.
Ao desligar o telefone, Humberto aos gritos começou a chamar e apertar a campainha em cima da mesa, chamando os seus assessores que ficavam na ante-sala, para que localizassem sem perda de tempo o delegado Cândido, que deveria comparecer ao gabinete dele secretário, ordem imediatamente cumprida via serviço de rádio, já que o delegado se encontrava trafegando na viatura.
Ao receber o chamado para comparecer urgente ao gabinete do Secretário, Cândido engoliu em seco, pois todos sabiam que ser chamado por Humberto, com certeza coisa boa não poderia ser e bem constrangido ele seguiu para a Secretaria de Segurança e ao chegar na ante-sala seu aperreio aumentou ainda mais, pois foi informado que o secretário bastante impaciente já tinha perguntado por ele umas três vezes.
Ao adentrar cuidadosamente na sala e educadamente cumprimentar o secretário, Cândido não obteve nenhuma resposta, pois Humberto levantou a cabeça lhe fuzilou com o olhar e se levantando da mesa, segurou fortemente o cinto do delegado e gritava: ‘Cadê a nota, cadê a nota fiscal desse cinto? E Francisco atônito tentando se livrar do mesmo, respondia: Não tenho, não tenho. Quando então o secretário gritava: O cinto tá apreendido, o cinto tá apreendido, até que os ânimos se acalmaram com a chegada de outras pessoas para tirar o delegado daquela situação.
De volta a sua delegacia, Cândido encheu um caminhão de objetos aprendidos e foi devolver aos seus proprietários e nunca mais na sua vida profissional realizou rondas, até que certo dia para surpresa de todos. pediu exoneração e retornou para a sua terra.
Oportunamente voltarei com mais histórias do ex-secretário Humberto de Morais Vasconcelos.