A melancolia após os 60 anos – Gessi Taborda
Porto Velho, RO ·
Não adianta disfarçar e nem negar para mim mesmo. Estou sim, vivendo um momento de enorme melancolia, de um sentimento de solidão que não tinha incluido na minha lista do que deveria enfrentar ao passar dos 60 anos. E quanto mais eu me vejo assim, mas me deixo envolver pela ternura dos meus pais, como se eles ainda estivessem vivos e pudessem me dar o consolo dessa experiência ruim de estar perdendo a própria identidade.
Bem sei que meus filhos (assim como muitas vezes aconteceu comigo em relação aos meus pais) têm suas vidas e muito pouco tempo para pensar nesse sujeito que pensou que tinha uma carta na manga na hora em que o telefone se emudecesse, na hora em que tivesse de se afastar da longa boemia (inteligente e vívida) de tempos passados e nem tão passados assim.
É horrível pensar que dá uma vontade louca de sair para abraçar filhos e parentes queridos que estao cada vez mais distantes. Não faço maluquices por ter a esperança de que essa tristeza besta vai acabar passando. Então deito e me entrego a reminiscências da juventude, da meninice e até dos momentos em que saia para labuta com aquela idéia de vencer o campeonato seria criar os filhos, cuidar da família.
Enfim, parece que tenho diante de mim a síndrome dos enormes paquidermes que, ao perceber o momento do ponto final, buscam um lugar solitário para o inevitável epílogo. Meu Deus, como é triste caminhar para o natural isolamento.
Meu caro Taborda, gostaria de ter escrito esse seu texto – mas me falta a devida competência – tudo que você escreveu imagino que acontece com todos aqueles que passam dos 50 anos. Comigo com a aposentadoria precoce, com receio das mudanças impostas pelo PT- retirando sucessivos direitos, dobrando os parlamentares com os mimos do Mensalao – fez com que eu deixasse uma instituição que amava e que modéstia a parte, era querido e respeitado por todos. Hoje de pijama com todos os filhos residindo em outros Estados da Federaçao, passo pelas mesmas amarguras do amigo.
O que me conforta é saber que tentei exercer a cidadania e o meu mister profissional, dando o melhor que pude e finalmente saber que Deus concede a poucos o privilégio de se alcançar a velhice. Vamos então Taborda nos apegar a isso. Abraços meu velho amigo. Pedro Marinho