Eduardo Knapp
Josias de Souza
Reunido a portas fechadas com a bancada de deputados federais do PPS, o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, fez uma avaliação da conjuntura. Acha que Dilma perdeu o comando do governo. Mas não identifica no cenário elementos capazes de fundamentar um pedido de impeachment contra a presidente, como chegaram a cogitar congressistas do PSDB.
O encontro ocorreu nesta sexta-feira (8), em São Paulo. A carta altura, Alckmin disse não acreditar no envolvimento de Dilma em atos desonestos. O problema da presidente, avalia o governador, é a perda de autoridade. Na política, racicionou Alckmin, Dilma é dependente do PMDB do vice-presidente Michel Temer. Na economia, ela depende do ministro Joaquim Levy (Fazenda), cuja ortodoxia constrange o PT.
A bancada do PPS foi a segunda a ser recebida por Alckmin. Há duas semanas, ele abrira as portas do Palácio dos Bandeirantes para os deputados federais do PSB. Entre uma legenda e outra, ofereceu um jantar para a fina flor do empresariado paulista. São movimentos de quem olha para 2018 com olhos de presidenciável.
PPS e PSB negociam uma fusão. Deve ser efetivada em junho. Juntos, passarão a ser a quarta maior legenda do Congresso. Seus principais líderes enxergam em Alckmin uma alternativa presidencial. Confirmando-se essa hipótese, ele teria de deixar a poltrona de governador em abril de 2018.
O assento de Alckmin seria herdado pelo vice-governador Márcio França, do PSB. Que poderia candidatar-se a governador de São Paulo sem deixar o cargo. Assim, tudo parece conspirar para que a legenda resultante da fusão entre PSB e PPS embarque num projeto Alckmin-2018 —para desassossego de Aécio Neves e de Marina Silva, que continua filiada ao PSB.