Após pressão, Eduardo Cunha renuncia ao cargo de presidente da Câmara
Eduardo Cunha foi recebido no Congresso Nacional sob protestos e vaias
Lorena Pacheco , Jacqueline Saraiva
Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Após dois meses de afastamento, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou ao cargo de presidente da Câmara dos Deputados. O anúncio foi feito pelo próprio parlamentar, em coletiva à imprensa na tarde desta quinta-feira (7/7). “Resolvi ceder ao apelos generalizados dos meus apoiadores”, afirmou. A notícia já era aguardada pelos aliados do peemedebista. Depois da manobra de ontem, em que o parlamentar recebeu a ajuda do pastor Ronaldo Fonseca (Pros-DF) para melar a cassação no Conselho de Ética, os correligionários de Cunha aumentaram a pressão para que ele deixasse a presidência da Casa.
Eduardo Cunha chegou no início da tarde pela chapelaria da Câmara, passou na Secretaria-Geral da Mesa e marcou a entrevista à imprensa no Salão Nobre da Casa, apesar de ter sido autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a circular na Câmara apenas para se defender do processo de cassação no Conselho de Ética ou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Processo de afastamento de Cunha começou em outubro do ano passado
Durante a coletiva, Cunha reproduziu a carta que enviou à Secretaria da Mesa dos Câmara dos Deputados. Ele afirmou que, “sem dúvida alguma”, a autorização para abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) foi um marco em sua gestão, mas que foi o fato agravante contra ele mesmo na Câmara. “Me orgulha e jamais será esquecido. Sofri e sofro muitas perseguições, estou pagando alto preço por ter dado inicio ao impeachment, a principal causa do meu afastamento”.
Sobre o processo no Conselho de Ética que Cunha é alvo de investigação, o ex-presidente da Câmara reafirmou que não recebeu qualquer vantagem indevida de quem quer que seja. Visivelmente emocionado ele fez agradecimentos e chorou quando mencionou a família que, segundo ele, “vem sendo atacada de forma covarde e criminosa”, em especial sua mulher.
Cunha não deixou de aproveitar a chance de atacar o governo do PT e a gestão de Dilma, ao afirma que o processo de impeachment tirou o país do “caos instaurando pela criminosa gestão petista, deixando legado de milhões de desempregados e total descontrole das contas públicas”. Que esse meu gesto ajude a Câmara a trilhar caminhos para ajudar a restaurar o país”. No fim de sua fala, ele desejou “sucesso” ao presidente Michel Temer e ao futuro presidente da Câmara dos Deputados.