Josias de Souza
Marcelo Teixeira/Reuters
Preterido na distribuição de poltronas ministeriais, o ruralista Nabhan Garcia, presidente da UDR, ganhou de Jair Bolsonaro um cargo de consolação: secretário especial de Assuntos Fundiários. Em teoria, vai cuidar de reforma agrária com um viés anti-MST. Na prática, tornou-se um ministro paralelo da Agricultura, uma sombra da titular da pasta, a deputada Tereza Cristina (DEM-MS).
A chance de um arranjo como esse dar certo é pequena. A partir de 1º de janeiro, começa a vigorar no Ministério da Agricultura a Lei da Selva. Tem apenas dois artigos. Diz o primeiro: “O mais forte tem o direito de mastigar o mais fraco”. Anota o segundo: “Revogam-se as disposições em contrário.” A questão agora é saber quem fará o papel de gato do mato e quem será o leão.
No início, conforme combinado com Bolsonaro, gato e Leão percorrerão a selva da Agricultura juntinhos. Ambos se dedicarão, por assim dizer, a caçar a corça. Escapando a corça, aplica-se o artigo primeiro da Lei da Selva. Ou seja: não escapará o gato. Até que o país descubra se a juba pertence a Nabhan ou a Tereza, o estrago deve ser grande.