Gustavo Lima
Josias de Souza
O brasileiro aprende a conviver com um rol de aflições, como o rompimento de barragens, a banda Calypso, o ministério da Dilma e o Congresso Nacional, pensando: “Na Síria e no Iraque está pior.” E depois que o Estado Islâmico começou a exportar o terror para a Europa, você pode se consolar com a ideia de que pelo menos o único bando de loucos existente no Brasil é a torcida do Corinthians.
Nesta terça-feira, ao comentar a representação em que o PSOL e a Rede pedem a cassação do seu mandato, Eduardo Cunha conseguiu fazer pose de mal menor. “Eu estou absolutamente tranquilo”, disse o presidente da Câmara, com o semblante tenso. “Acho que a representação é pífia. Ela apenas repete os trechos da acusação” feita pela Procuradoria da República.
Cunha foi ao ponto: “Para você considerar que trecho de acusação feita pelo Ministério Público gere processo por quebra de decoro parlamentar, tem 160 parlamentares aqui que respondem a inquérito no Supremo Tribunal Federal. Então, teria que ter 160 representações, se essa tese dele [o relator do Conselho de Ética Fausto Pinato] fosse correta.”
Foi como se Cunha convidasse a plateia a ver o lado bom da situação, mesmo que seja preciso procurar um pouco. Por exemplo: o Legislativo vive um período excepcional da sua história. A qualquer momento, alguém ainda vai declarar a respeito de Eduardo Cunha: “Calma, é só um bandido, gente. Há outros 159 Cunhas!” E o deputado será absolvido do crime de ter enriquecido vendendo carne enlatada para a África. Um de seus colegas discursará: “Ou cassamos todos ou locupletemo-nos todos.‘‘