
Paulo Lisboa/Folhapres
O policial Newton Ishii acompanha Marcelo Odebrecht
A prisão de um policial federal até então visto como símbolo do combate à corrupção surpreendeu os brasileiros.
Newton Hidenori Ishii trabalha na Superintendência da PF no Paraná e ficou conhecido como “Japonês da Federal” após aparecer de forma recorrente em imagens escoltando detidos da operação Lava Jato.
Ele teve a prisão decretada pela 4º Vara Federal do Paraná na terça-feira e se apresentou voluntariamente aos colegas policiais. Ishii foi condenado por facilitação de entrada de produtos contrabandeados do Paraguai no Brasil por meio da fronteira de Foz do Iguaçu.
Entenda o caso:
1) Quem é o “Japonês da Federal”?
Ishii trabalhava no setor responsável pela escolta de detidos na Polícia Federal de Curitiba. Por causa disso, apareceu várias vezes em fotos e vídeos na imprensa conduzindo políticos e empresários presos pela operação Lava Jato.
Com a imagem associada à prisão de acusados de corrupção, Ishii inspirou a criação de máscaras e marchinhas de Carnaval, bonecos e uma grande quantidade de piadas e “memes” na internet.
Segundo interceptações captadas pela PF, ele chegou a ser acusado por Edson Ribeiro, advogado do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, de vazar informações para a imprensa sobre a operação.
Houve especulações de que, na esteira da fama, ele tentaria uma carreira política. Mas, após a grande exposição, o agente passou a evitar os holofotes.
2) Por qual crime Ishii foi condenado?
Ele foi acusado de integrar um grupo de policiais federais e rodoviários que facilitavam a entrada de contrabando paraguaio no Brasil (Operação Sucuri, ocorrida em 2001). A partir de então passou a responder a processos de ordem criminal, administrativo e por improbidade administrativa.
Ishii foi condenado criminalmente em 1º instância pela Justiça Federal do Paraná. Sua defesa recorreu ao STJ (Supremo Tribunal de Justiça), mas o órgão manteve a decisão, permitindo a prisão.
Os processos administrativos e por improbidade administrativa ainda estão em tramitação.