Gustavo Lima
Josias de Souza
Dilma Rousseff flertou com o vexame na Câmara na noite desta quarta-feira. Só não sofreu nova humilhação porque contou com a luxuosa ajuda do quase-ex-desafeto Eduardo Cunha. O projeto do governo sobre a repatriação do dinheiro que os brasileiros esconderam da Receita Federal no exterior prevaleceu por uma diferença esquálida de 17 votos: 230 a 213 (veja aqui a íntegra da lista de votação). Essa vantagem magra só foi obtida porque vários deputados que votariam contra a proposta foram convencidos a se ausentar do plenário. Sem alarde, Cunha conquistou a maioria das ausências.
No instante em que a proposta foi a voto, havia nas dependências da Câmara 479 deputados. Mas apenas 451 compareceram ao plenário. Tomaram chá de sumiço 28 votantes. Sem alarde Cunha usou o que lhe resta de prestígio para cavar ausências até no pseudo-oposicionista Solidariedade, partido do deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força. Além de auxiliar o governo na produção de fujões, Cunha ajudou a consquistar abstenções. Houve sete. Pelas contas da oposição, sem as fugas e as abstenções, Dilma teria dormido com mais uma derrota latejando no cérebro. O único problema de Dilma é que o apoio de Cunha custa os olhos da cara, está pela hora da morte.