Para descartar o risco de um segundo processo de impedimento, a presidente teria de conseguir a rejeição do pedido atual com maioria absoluta da Casa
Cunha avaliou que o ex-presidente não tem mais a mesma força para barrar o impeachment no Congresso
Cunha avaliou que o ex-presidente não tem mais a mesma força para barrar o impeachment no Congresso
Foto: Reuters
BRASÍLIA – Aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já começam a se movimentar para novas investidas contra o governo Dilma Rousseff. A ideia é que se o atual processo de impeachment da petista – que deve ser iniciado até o fim desta semana, logo após o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar os recursos protocolados pela Casa sobre o tema – for rejeitado, um novo pedido de afastamento da presidente deve ser apresentado.
A interlocutores, Cunha já admitiu que poderá autorizar a abertura de um segundo pedido de impedimento de Dilma no futuro, caso o atual seja rejeitado pela Câmara por uma pequena diferença de votos. O peemedebista citou, inclusive, que a própria indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para compor algum ministério pode ser usada como motivação para um novo questionamento do mandato de Dilma, à medida em que pode ser considerada uma tentativa de atrapalhar as investigações da Lava Jato.
Para descartar o risco de um segundo processo de impeachment, a presidente teria de conseguir a rejeição do pedido atual com maioria absoluta da Casa – ou seja, com o apoio de ao menos 257 deputados. “Ou ela consegue com uma boa margem de votos, ou vai continuar sangrando e pode ter um segundo pedido de impeachment”, afirmou Cunha a aliados. Na presidência da Câmara há hoje pelo menos outros quatro pedidos de impeachment aguardando deliberação.
Em conversas reservadas, Cunha reconhece que Lula é um “animal político”, com articulação política muito maior do que qualquer integrante do governo Dilma, mas avaliou que o ex-presidente não tem mais a mesma força para barrar o impeachment no Congresso. O fato de alguns senadores da base aliada terem saído do café com o ex-presidente antes de ele terminar sua fala, na semana passada, na residência oficial do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), seria um indicador dessa perda de força.
O presidente da Câmara prevê que o atual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff deve ser analisado pelo plenário da Câmara dos Deputados logo após o feriado do Dia do Trabalhador, 1º de maio, ou seja, daqui a 45 dias. Cunha e a oposição apostam em manifestações contrárias ao governo nesse feriado para aumentar a pressão pró-impeachment. Segundo aliados, o peemedebista acredita hoje que o impeachment está “mais próximo de ser aprovado do que rejeitado” na Casa.
A oposição, que voltou a dialogar com o presidente da Câmara por causa do impeachment, já admite a possibilidade de apresentar novos pedidos de impedimento de Dilma, caso o atual seja rejeitado. Líderes opositores ponderam, no entanto, que o foco no momento é tentar liquidar o afastamento da petista logo com o pedido que está sendo discutido na Câmara e que tem por base as chamadas “pedaladas fiscais” praticadas pelo governo no primeiro mandato de Dilma Rousseff.
Estadão Conteúdo