s
Lula Marques – Folha
Josias de Souza
Se a política brasileira fosse um filme de James Bond, haveria um complexo subterrâneo sob o gabinete da presidência do Senado. Ali, um senador maquiavélico, com uma mente borbulhante abaixo do implante capilar, pressionaria os botões do painel eletrônico a partir do qual dominaria a República. O diabo é que os fatos não se fartam de demonstrar que não há ficção capaz de superar a realidade da política nacional, marcada por episódios extraordinários encenados por personagens ordinários.
Nesta segunda-feira, em novo depoimento ao juiz Sérgio Moro, o delator Paulo Roberto Costa reafirmou que participou de reuniões nas casas dos senadores peemedebistas Renan Calheiros e Romero Jucá. Nesses encontros, discutiu-se o pagamento de propinas ao PMDB. O intermediário de Renan na transação era o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), declarou Paulinho, como Lula costumava chamar o delator.
Em nota, Renan reafirmou que suas relações com todas as empresas públicas e seus diretores nunca ultrapassaram os limites institucionais. Escreveu que nunca autorizou o correligionário Aníbal Gomes a falar em seu nome. E tudo permanece inalterado. A República continua à espera de um 007 providencial que dispare do relógio de pulso um raio qualquer capaz de eliminar todos os males.