Corre do Moro Representantes da Câmara preparam uma emenda constitucional para garantir foro privilegiado a ex-presidentes da República, determinando que só sejam julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Inicialmente, o texto não contemplaria o ex-presidente Lula, investigado pela Lava Jato e, até a segunda ordem, nas mãos de Sergio Moro. Mas abarcaria Dilma e os futuros mandatários, já que a vigência da medida se daria a partir da data de promulgação da PEC.
Psicologia reversa O curioso é que o projeto está sendo arquitetado com o apoio da ala oposicionista do PMDB.
Complô Adversários do Planalto acham que a medida seria vista como obra do governo e ajudaria a colar em Dilma a imagem de que ela também foge de Sergio Moro, repetindo o desgaste de Lula quando aceitou o ministério.
Nos representa Há, ainda, um “efeito colateral” interessante para o PMDB: contemplar o vice Michel Temer, herdeiro constitucional de Dilma caso ela seja cassada.
Amputar Líderes do Congresso atingidos pela Lava Jato e incomodados com o que chamam de poder excessivo do Ministério Público começam a falar da necessidade de se aprovar uma lei para cortar as asas da instituição.
Nada favorável Até a lei da delação premiada poderia ser revista. A operação é silenciosa e mesmo os mais assanhados com a mudança legal reconhecem que, neste momento, votar algo assim provocaria forte polêmica.
Ainda te quero Interlocutores próximos afirmam que Lula conserva o desejo de trazer Henrique Meirelles para a Fazenda. Mas que precisaria mostrar que o governo tem condições de sobreviver antes de mexer no tabuleiro da Esplanada.
Fogo brando Talvez, por isso, aliados do ex-presidente fritem Nelson Barbosa. Na reunião que selou a volta de Lula ao governo, o ministro da Fazenda se disse disposto a entregar o cargo. Mas Lula disse não.
Para inglês ver Um deputado afirma que a comissão do impeachment será só “para passar tempo”. Diz que, mesmo se relator e comissão votarem contra a deposição, o tema acabará no plenário: “Tudo aqui cabe recurso. Não viu no Conselho de Ética?”.
Menos é mais Dois ex-ministros de Lula apresentaram um receituário semelhante durante a semana para tentar poupar o petista: acham que ele deveria parar de dizer que é candidato. Esperam que, assim, seja menos alvejado pela oposição.
Só por isso Caciques do PMDB dizem, aliás, que usarão esse discurso para negar apoio a Lula caso sejam procurados: o petista quer concorrer em 2018, quando a sigla promete lançar candidato próprio. Aproximar os projetos agora seria contraditório.
Poxa vida Ministros lamentam muito a divulgação dos xingamentos de Lula contra o STF. Eis a razão: “O Supremo é o único que poderia enquadrar Sergio Moro. Mas agora estão todos com raiva de Lula”.
The number Após abrir a sessão de sexta para acelerar o processo de deposição da presidente, Eduardo Cunha foi visto falando a um aliado: “A coisa está tão feia que o quorum de hoje foi 66”, referindo-se à similaridade com 666, o número da besta.
lucio
Parece bruxaria Do deputado Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), sobre a crise política: “Está parecendo Harry Potter isso. Quando você acha que vai terminar a saga, vem um novo livro. Não termina nunca!”.
Veneno O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ) ainda tenta achar a causa da infecção que o levou a ser internado. Suspeita-se que tenha sido um “carrapato envenenado”, dizem integrantes do governo.
TIROTEIO
As fiscalizações sobre a Lava Jato estão em uma marcha sem volta. Qualquer tentativa de interferência seria totalmente infrutífera.
DE KLEBER CABRAL, vice-presidente da Unafisco, sobre Lula pedir a Nelson Barbosa (Fazenda) para “se inteirar” sobre ações da Receita no Instituto Lula.
CONTRAPONTO
A vida imita a arte
Presidente da comissão do impeachment, Rogério Rosso (PSD-DF) discutia com sua equipe na sexta-feira alguns procedimentos para organizar os trabalhos do colegiado, que, só nas primeiras horas, já havia recebido mais de 30 requerimentos de convites e convocações.
No meio das conversas, fez uma sugestão:
— A gente deveria espalhar cartolinas pela parede com o cronograma das atividades.
Um dos presentes emendou:
— Isso vai ficar igual ao cenário de “House of Cards”! — lembrando do famoso seriado americano.
— Então melhor deixar pra lá… — reagiu Rosso.
Folha de São Paulo