Com maiores salários, cargos de chefia e assessoramento do serviço público federal são ocupados majoritariamente por homens, segundo painel estatístico de pessoal do Ministério do Planejamento. Os números de 2019 indicam que 43,8% das posições de confiança (cargos DAS) são comandadas por mulheres. A desigualdade aumenta quando analisados outros postos com alta remuneração da administração pública.
Entre as Funções Comissionadas do Poder Executivo, por exemplo, 37% das servidoras são mulheres, enquanto 63% são homens. O mesmo índice se aplica às direções das Agências Reguladoras, Universidades e Institutos Federais. Cargos de Natureza Especial são os mais desiguais, com apenas 7,6% das funções ocupadas por mulheres e 92,4% por homens.
Machismo institucionalizado
De 22 ministros de estado, incluindo a presidência do Banco Central e a Advocacia-Geral da União, apenas duas são mulheres, totalizando 9% de representatividade no primeiro escalão do governo Bolsonaro. Durante a gestão da presidenta Dilma Rousseff, 26% das pastas ministeriais chegaram a ser ocupadas por mulheres.
Para a Diretora da Secretaria de Administração da Condsef/Fenadsef, Jussara Griffo, existe machismo institucionalizado. “A ocupação dos espaços de confiança e decisões políticas diminuíram nesta gestão. Não esperávamos outra coisa”, afirma.
“Ocupamos menos espaço no governo porque o poder de decisão fica nas mãos dos homens. O curioso é que as mulheres representam grande parte da força de trabalho dos ministérios e órgãos públicos”, analisa Griffo.
A reforma da previdência proposta por Jair Bolsonaro também ataca mais as mulheres, elevando e equiparando a idade e o tempo de contribuição com os homens. em um País desigual como o Brasil, mulheres dividem a jornada de serviço com a maternidade, os cuidados familiares e o trabalho doméstico. Diante das demandas, muitas mulheres saem do mercado de trabalho formal, inclusive do serviço público, para se dedicarem à família e ao lar.
País desigual
Estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), especialmente para o 8 de Março, aponta que, apesar da desigualdade salarial ter diminuído nos últimos sete anos, mulheres ainda ganham 20,5% menos que homens. O número foi dado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
Outra informação divulgada pelo IBGE para o Dia Internacional de Luta das Mulheres mostra que elas trabalham mais e estudam mais, entretanto, seguem com remuneração menor. Os resultados ressaltam que a ideia de meritocracia é falha em se tratando de desigualdades sociais e barreiras simbólicas.
“Observamos o que se chama de teto de vidro, ou glass ceiling”, explica Barbara Cobo, coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE. “A mulher tem a escolarização necessária ao exercício da função, consegue enxergar até onde poderia ir na carreira, mas se depara com uma ‘barreira invisível’ que a impede de alcançar seu potencial máximo”, explica.
O serviço público federal, que parece democrático, não está imune ao teto de vidro comentado por Barbara Cobo, tendo-se em vista que as funções de direção, de maior remuneração, caem sempre para os homens.
“A maior luta das mulheres do setor público é garantir que estejamos em todos os espaços de decisões: nos cargos de chefia e confiança, nos ministérios, nas agências reguladoras, universidades e institutos federais”, ressalta Jussara Griffo.
Fonte: Condsef,