O maior mérito da entrevista da presidente Dilma Rousseff à Folha de S. Paulo foi empregar a palavra correta – “golpistas” – para se referir às iniciativas de uma ala da oposição, liderada por Aécio Neves (PSDB-MG) e que tem como honoráveis integrantes nomes como Agripino Maia (DEM-RN), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Roberto Freire (PPS-SP) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB); “confundiram seus desejos com a realidade”, disse Dilma; ela, no entanto, apontou as fragilidades dessa tropa; “não acho que toda oposição seja assim”; governadores tucanos, por exemplo, pretendem seguir o relógio da democracia, que prevê eleições apenas em 2018; nas próximas horas, os radicais do golpismo devem reagir, explicitando suas reais intenções; Dilma disse ainda que, se não se matou sob tortura, não o fará agora. Ela está pronta para a guerra. E eles?
247 – A entrevista da presidente Dilma Rousseff aos jornalistas Maria Cristina Frias, Valdo Cruz e Natuza Nery, da Folha de S. Paulo, teve um grande mérito: usou a palavra correta para denunciar o movimento antidemocrático que vem sendo liderado por determinada ala da oposição.
Ao ser questionada sobre se terminará ou não o mandato, Dilma foi direto ao ponto e disse que isso representa apenas o desejo de uma certa oposição “golpista”.
O acerto só não foi completo porque Dilma evitou citar os nomes dos principais generais do golpe, que são Aécio Neves (PSDB-MG), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Agripino Maia (DEM-RN) e Roberto Freire (PPS-SP), que ainda contam com o apoio discreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
“Confundiram seus desejos com a realidade”, disse Dilma. No último fim de semana, em entrevista ao Globo, Aécio falou abertamente em abreviar o mandato de Dilma, depois de usar como porta-voz seus mais fiéis aliados, que são Sampaio e Cunha Lima. No PPS, Freire afirmou que as “forças democráticas” resgatariam o País, ao justificar seu golpe. No DEM, a indignação parte de personagens como Ronaldo Caiado, acusado de caixa dois por Demóstenes Torres e Carlos Cachoeira, assim como Agripino Maia, investigado por receber propina de R$ 1,1 milhão.
A todos esses, Dilma lançou um desafio no terreno da ética, quando foi questionada pela Folha sobre eventuais ataques à sua biografia. “Vão reescrever? Vão provar que algum dia peguei um tostão? Vão? Quero ver algum deles provar. Todo mundo neste país sabe que não. Quando eles corrompem, eles sabem que é corrompido”.
Na entrevista, Dilma fez jus ao aposto “coração valente” e sinalizou que está pronta para a briga. “Eu não quis me suicidar na hora que eles estavam querendo me matar”, fazendo uma referência ao tempo em que foi presa política durante a ditadura militar. “A troco de quê eu iria me suicidar agora?”
Dilma também apontou as fragilidades da tropa golpista. “Não acho que toda oposição seja assim”, afirmou. Governadores tucanos, como Geraldo Alckmin, de São Paulo, e Marconi Perillo, de Goiás, pretendem seguir o relógio da democracia, que prevê eleições apenas em 2018. Governadores aliados, como Flávio Dino, do Maranhão, já começaram a se manifestar em defesa da presidente.
Ao longo desta terça-feira, a fala de Dilma repercutirá e será respondida pelos artífices do golpe, que, cada vez mais, terão que explicitar seus movimentos à luz do dia.