“A minha pergunta íntima, hoje, não é o impeachment. Acho que a democracia brasileira está consolidada, não há motivo para impeachment. A minha pergunta é outra. É se a Dilma, pessoalmente, aguenta três anos pela frente. Eu temo que ela renuncie”, diz, em entrevista ao jornalista Ricardo Mendonça, Frei Betto, amigo da presidente e ex-assessor especial do presidente Lula; “Ou tem uma mudança de rota ou eu me pergunto se ela vai aguentar o baque psicológico de três anos e meio pela frente com menos de 10% de aprovação, 71% dizendo que o governo é ruim ou péssimo”
247 – Ex-assessor especial de Lula e amigo da presidente Dilma Rousseff, Carlos Alberto Libânio, o frei Betto, concedeu entrevista ao jornalista Ricardo Mendonça, da Folha (leia aqui), em que disse temer que a renúncia seja o desfecho da atual crise política.
“A minha pergunta íntima, hoje, não é o impeachment. Acho que a democracia brasileira está consolidada, não há motivo para impeachment. A minha pergunta é outra. É se a Dilma, pessoalmente, aguenta três anos pela frente. Eu temo que ela renuncie”, disse ele.
“Ou tem uma mudança de rota ou eu me pergunto se ela vai aguentar o baque psicológico de três anos e meio pela frente com menos de 10% de aprovação, 71% dizendo que o governo é ruim ou péssimo. Isso é um sinal de que você não está agradando nada. Não adianta fazer cara de paisagem. Ou ela dá uma mudança de rota, muda a receita do ajuste, ou pega a caneta e fala ‘vou pra casa, não dou conta‘. Eu tenho esse temor.”
Frei Betto enxerga hoje uma crise emocional no País, decorrente da falta de utopias. “A gente entra em amargura, não vê saída, a gente não consegue equacionar racionalmente. Não consegue buscar as causas e as perspectivas. Fica tudo no emocional. Hoje, o debate é emocional. É como briga de casal em que o amor acabou”, afirma.
Ele também se manifestou sobre a recente prisão de José Dirceu. “Acho um abuso prender um preso. Ele estava preso, mandaram prender novamente. Não precisava. Aí transfere, Polícia Federal, TV. Acho isso um abuso de autoridade”, afirmou.