Em conversas reservadas, interlocutores de Dilma dizem que é preciso um pacto nacional para sair da crise
Agência Estado
O governo se surpreendeu com o tamanho das manifestações de rua deste domingo, em todo o País, e teme o impacto dos protestos no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A ausência de confrontos nos atos, porém, foi motivo de alívio.
Em conversas reservadas, interlocutores de Dilma dizem que é preciso um pacto nacional para sair da crise, mas ainda não conseguem definir os próximos passos.
“A situação é muito difícil”, disse um ministro. “Os problemas não são poucos e matamos muitos leões por dia. Mas nós achamos que nem todos os caminhos estão interrompidos.”
Preocupada com o esfacelamento da base aliada, depois do aviso prévio de 30 dias dado pelo PMDB ao governo, Dilma retomará nesta semana as conversas com parlamentares de todos os partidos e também tentará se aproximar da oposição. Muitos no Planalto falam na necessidade de uma “concertação”, mas ninguém sabe como, de fato, essa ideia pode sair do papel.
Até sexta-feira, o governo avaliava que os atos deste domingo seriam maiores que os três últimos, no rastro da delação premiada do ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (PT-MS) e da condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no depoimento à Polícia Federal. O monitoramento feito pelo Planalto não indicava, porém, que as adesões poderiam superar as dos protestos de março de 2015.
Na tentativa de não acirrar ainda mais os ânimos, a resposta do governo será na linha de que, independentemente do número de pessoas nas ruas, o governo respeita as manifestações, apoia as investigações da Operação Lava Jato e está trabalhando para retomar o crescimento econômico.