Autor do principal pedido de impeachment contra Dilma, ex-petista afirma que saída para crise política não se resume ao afastamento da presidente. Para ele, é preciso convocar novas eleições para presidente e “mudar toda a Câmara e o Senado”
Hélio Bicudo: “Mudar toda a Câmara e o Senado seria o remédio mais democrático”
Autor do principal pedido de impeachment apresentado na Câmara contra a presidente Dilma, o ex-deputado federal Hélio Bicudo (ex-PT-SP) diz que a crise política não será resolvida apenas com a eventual saída da petista do Palácio do Planalto. Para ele, a solução passa pela instituição de um governo interino, por 90 dias, conduzido pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB), e pela convocação de novas eleições para o Congresso.
“O melhor seria convocar novas eleições gerais. Mudar toda a Câmara e o Senado seria o remédio mais democrático”, disse ao jornal O Estado de S.Paulo. “É possível antecipar por meio de um decreto partido do Executivo. Vamos convocar e ver que bicho dá”, acrescentou o jurista, de 93 anos.
Bicudo tem sido acusado por petistas e por dois de seus filhos de ser utilizado pela oposição, por seu histórico político e como militante dos direitos humanos, para dar um “golpe” em Dilma. O jurista rebate: “Impeachment não é golpe coisa nenhuma. É um processo legal, jurídico. Dizer que é golpismo é escapismo, é fazer discussão política de baixo nível.”
Em outra entrevista publicada neste domingo (20), concedida ao jornal O Globo, Bicudo diz não ter dúvidas de que a presidente Dilma cometeu crimes no exercício do mandato. “Se eu não achasse que ela cometeu crimes, não teria feito o pedido”, afirmou. “Ela cometeu crimes contra a boa administração, cometeu crimes. As ‘pedaladas fiscais’ são crime de responsabilidade. Você pune um menino de rua que rouba alguma coisa e não vai punir as pessoas que estão no andar de cima? Não pode ser assim”, comparou.