O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), vice-líder da minoria na Câmara, e o deputado Paulo Azi (DEM-BA) apresentaram requerimento na CPI dos Fundos de Pensão solicitando a convocação do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner (PT-BA); no documento, o parlamentar do PPS destaca as suspeitas de que o petista teria intermediado interesses da OAS em negócios com a Funcef, fundo dos funcionários da Caixa; Jungmann citou, ainda, depoimento de Nestor Cerveró que afirma que a campanha de Wagner em 2006 recebeu propina de uma obra da estatal em Salvador
Leonardo Lucena, Pernambuco 247 – O vice-líder da minoria na Câmara Federal, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), e o deputado Paulo Azi (DEM-BA), apresentaram, nesta segunda-feira (11), requerimento na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Fundos de Pensão solicitando a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner (PT-BA). De acordo com o congressista do PPS, o pedido se deve aos fatos graves divulgados pela imprensa e investigados pela Justiça envolvendo o ex-governador da Bahia. Jungmann acredita que a aprovação do pedido não terá resistência do colegiado.
No documento, o parlamentar destaca as suspeitas de que Jaques Wagner teria intermediado interesses da OAS em negócios com a Funcef, fundo dos funcionários da Caixa Econômica.
Segundo as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), mensagens no celular do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, indicam uma suposta atuação do ministro na intermediação de negócios entre a empreiteira e os fundos de pensão.
Meses após o ex-executivo dizer em mensagens que precisaria de “JW (em referência a Jaques Wagner) na aprovação final” de um negócio, a diretoria executiva da Funcef aprovou a compra de cotas de até R$ 500 milhões em um fundo da OAS.
A CPI estaria trabalhando com três pilares – direcionamento dos negócios dos fundos de pensão para interesses partidários, aparelhamento das instituições e tráfico de influência, no qual entraria a apuração que envolve o ex-governador da Bahia.
Jungmann citou, ainda, o depoimento do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. O ex-dirigente afirmou, na semana passada, à Procuradoria-Geral da República que a campanha de Jaques Wagner ao governo da Bahia, em 2006, recebeu propina de uma obra da estatal em Salvador.
De acordo com Cerveró, os recursos teria sido dirigidos pelo então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli (PT-BA) – alvo da ‘Lava Jato‘, o ex-diretor da Petrobras está preso desde janeiro do ano passado, acusado de se beneficiar de fraude, desvio de dinheiro e corrupção, recebendo propinas milionárias em consequência de contratos da Petrobras, e na compra da refinaria de Pasadena (EUA).
Cerveró já foi condenado duas vezes pela Justiça Federal por crimes como lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Somadas, as penas ultrapassam 17 anos de prisão.
O deputado federal do PPS-PE reforçou que “a convocação de Jaques Wagner na CPI se deve a matérias divulgadas pela imprensa e dos dados e informações que estão sendo investigado pelo MPF e PF”.
“Dai a necessidade de convocar o ministro para que ele preste os devidos esclarecimentos sobre esses fatos que são extremamente graves e que o envolvem o seu nome. Uma imposição que estamos cumprindo. Espero que seja aprovado pelo colegiado”, defendeu Jungmann.
Outro lado
Em nota enviada à imprensa, na última quinta-feira (7), Jaques Wagner afirmou que não teme as investigações envolvendo seu nome e a OAS. “Em relação à matéria publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, nesta quinta-feira (07), afirmo estar absolutamente tranquilo quanto a minha atividade política institucional, exclusivamente baseada na defesa dos interesses do estado da Bahia e do Brasil”, diz o texto.
“Estou à disposição do Ministério Público e demais órgãos competentes para quaisquer esclarecimentos. Em tempo, manifesto meu repúdio à reiterada prática de vazamentos de informações preliminares e inconsistentes, que não contribuem para andamento das apurações e do devido processo legal”, continuou.
O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli disse nunca ter tido conhecimento de uso ilegal de recursos nas campanhas de Jaques Wagner. Na semana passada, Gabrielli também afirmou acreditar que as declarações de Cerveró são falsas e tiveram como base informações de terceiros.