Josias de Souza 03/03/2016 02:38
13.dez.2015 – Manifestantes carregam um caixão com uma bandeira do Partido dos Trabalhadores (PT) em apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, em Brasília. Cerca de 3.000 manifestantes vestidos com as cores da bandeira brasileira caminharam em direção ao Congresso Nacional para pedir pela remoção de Dilma do cargo Leia mais Evaristo Sa/AFP
Os partidos de oposição decidiram jogar uma última cartada para tentar retirar do freezer o pedido de afastamento de Dilma Rousseff. Reunidos num comitê batizado de ‘Impeachment Já’, representantes de legendas oposicionistas e de movimentos sociais anti-Dilma organizam juntos os protestos de rua marcados para 13 de março, um domingo. Acertou-se que os políticos descerão ao asfalto em número expressivo, sobretudo nos protestos de São Paulo e Brasília.
Participam do movimento PSDB, DEM, PPS e Solidariedade. O senador tucano Aécio Neves, derrotado por Dilma na disputa presidencial de 2014, participou de uma das reuniões. Designado pelos partidos para coordenar o comitê que organiza os protestos, o deputado Mendonça Filho (DEM-PE) disse que a união com os movimentos de rua nasceu da evidência de que um grupo depende do outro para obter o que deseja.
Mendonça declarou: “Nós, políticos, sabemos que o impeachment não acontecerá sem o povo na rua. E o povo tem que ter a consciência de que o impeachment não passará sem uma maioria expressiva, capaz de viabilizá-lo no Legislativo. Há uma necessidade de cumplicidade. O trabalho tem que ser integrado. É isso o que nós estamos buscando.”
É a primeira vez que partidos se achegam ao meio-fio de forma organizada desde que o asfalto rosnou para a política na célebre jornada de junho de 2013. Antes de se concentrar em Dilma e no PT, os protestos eram difusos. Alvejavam todas as legendas indiscriminadamente. Os políticos que se aventuram a passar pelo teste do asfalto o fizeram em caráter pessoal.
“Decidimos levar às manifestações um grupo que tenha representatividade na oposição”, afirma Mendonça Filho. Não receia que os políticos sejam hostilizados?, quis saber o repórter. E Mendonça: “Eu compareci aos três últimos protestos —um em São Paulo e dois em Recife. Fui muito bem recebido em todos eles. Cada liderança avaliará onde prefere participar. Daremos atenção especial a São Paulo e Brasília.”
Que resultados espera obter? “É simples: para ter votos favoráveis ao impeachment na Câmara, tem que ter pressão popular. E essa pressão só existirá se as ruas se manifestarem. É preciso que o povo vá às ruas. Essa é a nossa cartada.”