Relatório da Polícia Federal que resultou na nova fase da Operação Zelotes, deflagrada nesta segunda-feira 26, sugere que Gilberto Carvalho, ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência do governo Lula, atuou em “conluio” com um lobista interessado na medida provisória que beneficiou o setor automotivo; Mauro Marcondes, vice-presidente da Anfavea, e o dono de outro escritório de lobby teriam pago R$ 6,4 milhões a “colaboradores” para conseguir estender em cinco anos a medida que concedia isenções fiscais às montadoras, segundo a PF; o relatório aponta que o nome do ex-assessor de Lula aparece em um papel apreendido na casa de outro lobista, Alexandre Paes dos Santos (à dir.), preso hoje; em nota, o ex-ministro relata ter negado, em depoimento à PF, “qualquer interferência no andamento da referida MP” e declarado “jamais ter recebido valores” para sua edição
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247 – A Polícia Federal, responsável pela Operação Zelotes, aponta agora um novo alvo: o ex-ministro do governo Lula Gilberto Carvalho, que chefiava a Secretaria-Geral da Presidência da República e também o gabinete pessoal do ex-presidente.
Relatório da PF sobre a nova fase da Operação, deflagrada nesta segunda-feira 26, sugere que Carvalho atuou em “conluio” com um lobista interessado na edição de uma Medida Provisória que prorrogou benefícios ao setor automotivo em 2009.
Segundo o documento, Mauro Marcondes, vice-presidente da Anfavea, e José Ricardo da Silva, dono de outro escritório de lobby, a SGR Consultoria Empresarial, teriam repassado R$ 6,4 milhões a “colaboradores” para conseguir estender em cinco anos a medida que concedia isenções fiscais às montadoras.
A PF não tem provas de que o ex-ministro recebeu propina, apenas aponta o “conluio” e destaca que o nome do ex-assessor de Lula aparece em um papel apreendido na casa de outro lobista, Alexandre Paes dos Santos, preso nesta segunda-feira. “Café: Gilberto Carvalho” é a inscrição que consta do papel. O evento teria ocorrido em 16 de novembro de 2009, quatro dias antes da data da MP.
Em nota, Gilberto Carvalho relata ter sido chamado para depor e destaca que “os projetos de lei, medidas provisórias ou iniciativas de qualquer natureza sempre foram tomados na estrita e preocupada política de defender o desenvolvimento econômico e social do País” durante o governo Lula. Leia a íntegra:
Na manhã desta segunda-feira, 26/10/2015, fui intimado pela Polícia Federal a comparecer, às 10 horas, à Superintendência da instituição a fim de “prestar esclarecimentos no interesse da Justiça”. Fui ouvido pela delegada Dra. Graziela Machado da Costa e Silva, sem a presença de advogado, respondendo a todas as questões por ela formuladas.
Os temas versaram a respeito da atuação do escritório do senhor Mauro Marcondes junto ao Governo Federal, e da acusação de que teria havido pagamentos em relação à publicação de Medida Provisória que determinaria incentivos à indústria automobilística no Centro Oeste do País. Relatei à delegada federal os contatos que tive com o senhor Mauro Marcondes, dentro da minha função de Chefe de Gabinete da Presidência da República durante o mandato do Presidente Lula (2003 a 2010). Neguei qualquer interferência no andamento da referida MP, como já havia feito por meio da imprensa, assim como declarei jamais ter recebido valores da parte do senhor Mauro Marcondes ou de qualquer outra pessoa durante meu trabalho ao longo de 12 anos no Palácio do Planalto.
Ciente da minha conduta e interessado que toda a verdade venha à tona, tomei a iniciativa de colocar à disposição da Justiça meus sigilos telefônico, fiscal e bancário, o que ficou devidamente consignado. Reafirmo que jamais o Presidente Lula, a quem servi com orgulho, ou os componentes do seu gabinete, se envolveram neste tipo de negociação. Os projetos de lei, medidas provisórias ou iniciativas de qualquer natureza sempre foram tomados na estrita e preocupada política de defender o desenvolvimento econômico e social do País.