Josias de Souza
Fabio Braga/Folha
Geraldo Alckmin e Aécio Neves tornaram-se um desentendimento esperando para acontecer no ninho do tucanato. Ambos ambicionam a vaga de candidato do PSDB à próxima sucessão presidencial. Imaginou-se que pegariam em lanças apenas depois das eleições municipais de 2016. Mas o ambiente interno do partido degrada-se prematuramente, bem antes do previsto.
Longe dos refletores, os partidários de Alckmin acusam Aécio de utilizar a presidência do PSDB para ajustar a estrutura partidária aos interesses do seu projeto político. Por exemplo: em Sergipe, a presidência do partido foi retirada de José Carlos Machado, vice-prefeito de Aracaju, para ser entregue a um advogado chamado Pedrinho Barreto, que acaba de trocar o PR pelo PSDB.
Por trás do destituído Machado estava o prefeito de Aracaju, João Alves (DEM), simpático às pretensões políticas de Alckmin. Na retaguarda de Pedrinho Barreto está o senador sergipano Eduardo Amorim, convidado por Aécio para trocar o PSC pelo PSDB, com o propósito de preparar a legenda para as eleições de 2016 e, sobretudo, de 2018.
Em privado, Alckmin queixou-se a integrantes do seu grupo da pouca visibilidade que teve nos últimos comerciais que o PSDB levou ao ar em rede nacional de rádio e tevê. Acha que Aécio dividiu a vitrine eletrônica de maneira desproporcional, autoconcedendo-se um espaço maior que o cedido a outros grão-tucanos.
O PSDB vive em dois universos. No oficial, os líderes tucanos jamais discutem. No paralelo, eles quase nem se falam. Quando conversam, se desentendem falando o mesmo idioma.