Marcele Bergamo – Folha
Josias de Souza 1
O presidente do Senado, Renan Calheiros, enxergou no projeto que regulamenta a terceirização de mão de obra uma oportunidade a ser aproveitada. No esforço que empreende para associar sua investigada figura às mais nobres causas populares, Renan não cogita incluir a proposta na pauta de votações no mesmo ritmo de toque de caixa adotado por seu colega da Câmara, Eduardo Cunha.
Nesta terça-feira, Cunha se empenhará para concluir a votação da encrenca. Na semana passada, os deputados aprovaram o texto-base. Para fechar a conta, precisam votar os destaques, como são chamadas as emendas que visam modificar o projeto. Concluído o processo, a matéria seguirá para o Senado.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Paulo Paim (PT-RS) foi surpreendido com um telefonema de Renan nesta segunda-feira. Deu-se durante uma audiência pública em que se debatia justamente a proposta de terceirização. A pedido de Renan, Paim contou à plateia o que acabara de ouvir.
“Ele está acompanhando nossa sessão e pediu que eu anunciasse. E eu senti na voz dele que, como está, não dá, não. Lá na Câmara foi atropelado, aqui não será atropelado.” A CUT, braço sindical do PT, marcou para quarta um “dia nacional de paralisação” contra o projeto. Do modo como a coisa caminha, Renan, o investigado, ainda ainda vai virar o heroi da resistência da classe trabalhadora.