Espaço conquistado na mídia pelo juiz Sergio Moro, que conduz a Operação Lava Jato e ontem prendeu dois dos maiores empresários brasileiros, já levanta especulações sobre eventual projeto político do magistrado paranaense; no Facebook, a comunidade Sergio Moro Presidente 2018 divulga notícias relacionadas a decisões da Lava Jato; responsável pela página é o policial Francisco Garisto, que já presidiu a Associação dos Delegados da Polícia Federal; criticado pela comunidade jurídica, Moro se transforma em personagem pop, assim como aconteceu com Joaquim Barbosa, que deixou o Supremo Tribunal Federal para, ao que tudo indica, concorrer ao Palácio do Planalto em 2018; será que Barbosa terá um concorrente?
Paraná 247 – O juiz Sergio Moro, da décima-terceira vara federal do Paraná, já conta com uma página de simpatizantes na internet, que querem vê-lo presidente da República. Trata-se da comunidade Juiz Federal – Sergio Moro – Presidente 2018, criada neste ano e que tem pouco mais de 2 mil seguidores.
Criada pelo policial Francisco Garisto, que já presidiu a Associação de Delegados da Polícia Federal, a comunidade replica conteúdo relacionado à Operação Lava Jato e outros escândalos de corrupção.
Até agora, Moro e todos os integrantes da força-tarefa da Lava Jato têm negado qualquer intenção política em suas ações. No entanto, o juiz paranaense não esconde de ninguém que sua inspiração para a Lava Jato foi a operação italiana Mãos Limpas, conduzida pelo juiz Vicente Falcone, que acabou trocando o Judiciário pela política, sem grande sucesso.
Ontem, Moro fez o movimento mais audacioso da Lava Jato, ao prender os presidentes de duas das maiores empresas brasileiras: Marcelo Odebrecht, da Odebrecht, e Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez. O juiz desafiou interesses poderosos e, a partir de agora, será cada vez mais contestado.
Coincidência ou não, a Folha de S. Paulo publicou reportagem apontando que a ação de Moro passou a ser fortemente criticada no mundo jurídico (leia aqui). Neste sábado, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também contestou a tese usada por Moro para prender os presidentes da Andrade e da Odebrecht (leia aqui).
Se Moro abraçará ou não uma carreira política, só o tempo dirá. Mas o fato incontestável é que, com a Lava Jato, ele ganhou ampla exposição na mídia. Aparece todos os dias nos jornais e televisões e se tornou um personagem pop.
O caso mais parecido é o de Joaquim Barbosa, que depois de conduzir o julgamento da Ação Penal 470, o do chamado mensalão, deixou o Supremo Tribunal Federal para, aparentemente, abraçar uma carreira política – JB também tem páginas de apoiadores nas redes sociais e é potencial candidato ao Palácio do Planalto em 2018.
Tanto Barbosa quanto Moro receberam o prêmio ‘Faz Diferença‘, concedido pelo grupo Globo, das mãos de João Roberto Marinho, que está à frente do grupo de mídia mais poderoso do País. Hoje, no entanto, Moro parece ser mais forte do que Barbosa. Sua Lava Jato deixou no chinelo a Ação Penal 470, em termos de exposição midiática.
Um dos pontos centrais da Operação Mãos Limpas foi a deslegitimação de toda a classe política tradicional na Itália. Antes da prisão dos empreiteiros, o procurador Carlos Fernando de Lima, braço direito de Moro na Lava Jato, falou da necessidade de ‘refundação da República‘.
Até 2018, muito água vai rolar e boa parte da imprensa brasileira aposta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o próximo alvo de Moro. Neste sábado, uma pesquisa Datafolha apontou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) venceria Lula se a disputa fosse hoje. Mas o próprio Aécio foi citado na Lava Jato pelo doleiro Alberto Youssef, como ‘dono‘ de uma diretoria em Furnas, que pagaria mesadas de US$ 100 mil mensais a parlamentares.
Nos próximos dias, Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo serão seduzidos com a possibilidade de delações premiadas. Ambos conhecem como a palma da mão a vida de cada um dos políticos brasileiros, seja do PT, do PSDB, do PMDB ou de qualquer outro partido. Se decidirem falar, é bem provável que tenha início o processo de refundação da República. E o que emergirá dos escombros, ninguém sabe.