Temer admite à Band que foi ‘Constrangedor‘ ouvir depoimento de delator

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À TV BAND, DIZ SER DESAGRADÁVEL OUVIR O QUE SE DISSE SOBRE ELE

O PRESIDENTE MICHEL TEMER DISSE QUE AS DOAÇÕES DA ODEBRECHT OCORRERAM DENTRO DA LEI. (FOTO: REPRODUÇÃO TV BAND)
O presidente da Michel Temer voltou a confirmar neste sábado (15), em entrevista à TV Band, que participou de reunião com o ex-presidente da Odebrecht Márcio Faria da Silva em 2010, mas destacou que presidia o PMDB e candidato à vice-presidência da República, e que se tratava de empresário interessado em fazer doações de campanha em nome da empreiteira ao partido.
Ele admitiu ser “constrangedor” ter sido citado no depoimento de Márcio Faria da Silva, ex-presidente da Odebrecht Industrial. O executivo, que assinou acordo de delação premiada na Lava Jato, disse ter tratado em uma reunião com Temer em 2010 sobre uma doação de R$ 40 milhões para a campanha eleitoral do PMDB. “É uma coisa desagradável para quem está na vida pública há tanto tempo”, disse o presidente em entrevista à TV Band, exibida nesta noite.

O presidente explicou que, na ocasião, chegou atrasado ao encontro. “Ele fez alguns elogios ao meu trabalho, não sei se verdadeiros ou não, mas não falamos de valores ou contratos”, completou. Temer declarou que ao longo dos anos que atuou como presidente do PMDB teve muitos encontros com empresários e que não envolviam negociações ilegais.

“É muito desagradável ouvir aquele depoimento. É constrangedor”, completou, na primeira entrevista após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Lava Jato, ter autorizado a abertura de inquéritos para investigar o suposto envolvimento de políticos no esquema de pagamento de propina apurado pela operação.

Temer confirmou também que o encontro, realizado em São Paulo, foi organizado pelo então deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso há seis meses em Curitiba em decorrência da Lava Jato. O presidente disse, no entanto, que tinha uma “relação institucional, não uma relação pessoal” com Cunha. À época, Temer era presidente do PMDB, enquanto Cunha era líder do partido na Câmara.

Ministros

Questionado sobre a possibilidade de afastar algum dos oito ministros de seu governo que passaram a ser alvo de inquérito no STF, após terem sido citados por delatores da empreiteira Odebrecht como envolvidos em esquemas ilícitos, Temer respondeu que “pode acontecer que o próprio ministro se sinta desconfortável e queira sair”.

O presidente voltou a afirmar que somente afastará ministros por iniciativa própria se a PGR apresentar denúncia contra algum integrante de seu gabinete. “Temporariamente, se houver a denúncia. Definitivamente, se a denúncia for aceita. É uma linha de corte compatível com nosso sistema jurídico”, afirmou.

Ao ser perguntado por que seria tão difícil afastar ministros neste momento, Temer respondeu que o principal apoio a seu governo vem do Congresso Nacional. “Temos que compreender essa indignação [da população] e construir gestos e formas para superar essa indignação”, disse.

Impeachment

A respeito do impeachment da então presidenta Dilma Rousseff, Temer disse que se o PT tivesse votado contra o processo de cassação do mandato de Cunha no Conselho de Ética da Câmara, “é muito provável que a presidente ficasse [no poder]”.

Reformas

Na entrevista, Temer reconheceu ter enviado um “projeto pesado” sobre a reforma da Previdência ao Congresso, mas acrescentou que a flexibilização de pontos do texto faz parte do processo democrático. O presidente afirmou que, após as reformas da Previdência e trabalhista, sua prioridade será a reforma política, que ele considera “inadiável”.

Diariodopoder.com.br

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