The Economist diz que Bolsonaro é um ‘menino travesso‘, e não um ‘messias‘

WhatsApp
Facebook
Twitter

A revista o descreve como um nacionalista religioso, ex-capitão do Exército, anti-homossexual, favorável às armas e apologista de ditadores
AE Agência Estado

(foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), potencial candidato a presidente nas eleições de 2018, ganhou as páginas da revista britânica The Economist que chega às bancas e aos assinantes neste fim de semana. Para a publicação, no entanto, ele não é um “Messias”, como sugere o segundo sobrenome dele, mas, sim, um “menino muito travesso”. “Pode um demagogo como Jair Bolsonaro se tornar o próximo presidente?”, questiona o semanário, que traz uma foto do parlamentar com um grande sorriso.

Promotoria entra na Justiça contra ‘propaganda antecipada‘ de Bolsonaro
A área de chegadas do Aeroporto Internacional de Belém (PA) foi escolhida pela reportagem para dar o clima de emoção de centenas de apoiadores, que aguardavam Bolsonaro monitorados por policiais. Alguns carregavam bandeiras com o slogan já escolhido para a campanha: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
Continua depois da publicidade

Outros usavam camisetas do filme “O Poderoso Chefão”, com o rosto dele no lugar do de Marlon Brando. “Quando o candidato, finalmente, emerge pelas portas deslizantes, a multidão avança, esforçando-se para vê-lo. Enquanto os guarda-costas o escoram, a multidão persegue Bolsonaro como se ele fosse um herói de volta à casa”, ilustra.

A visita a Belém é um ato precoce na campanha de Bolsonaro para conquistar as eleições presidenciais em outubro de 2018, de acordo com a The Economist. Assim a revista o descreve: um nacionalista religioso, ex-capitão do Exército, anti-homossexual, favorável às armas e apologista de ditadores que torturaram e mataram brasileiros entre 1964 e 1985.

Bolsonaro, cita a revista, ataca a elite política exposta na Operação Lava Jato, e a mensagem ressoa. Se as eleições fossem realizadas hoje, um oitavo dos brasileiros votaria no deputado do PSC do Rio, segundo o Ibope. Com isso, ficaria em segundo lugar, atrás apenas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem o apoio de um terço do eleitorado.

Bolsonaro e Lula se enfrentariam num segundo turno. O apelo do deputado do PSC, no entanto, pode desaparecer à medida que a economia se recupera de uma recessão e os eleitores prestam mais atenção às eleições. “Mas seu posto de segundo lugar diz muito sobre o clima turbulento entre os brasileiros”, avalia o veículo britânico. Uma escolha entre Bolsonaro e o ex-presidente, que foi condenado por um tribunal de primeira instância por corrupção, “seria realmente sombria”. Lula recorre.

Trump brasileiro

Bolsonaro espera ser um Donald Trump brasileiro. Sua retórica é ainda mais indecorosa, de acordo com a revista. Em 2016, ele dedicou o voto de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff ao “torturador-chefe” da ditadura, Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Em 2014, disse a uma congressista que não a estupraria: “Você não merece”. Para o semanário, Bolsonaro, cujo nome do meio é Messias, fala pouco sobre o que faria como presidente, além de restaurar o direito e a ordem. Recentemente, admitiu em uma entrevista ter um “entendimento superficial” de economia.

O potencial candidato possui algumas opiniões convencionais, como a de realizar uma reforma gradual da cara Previdência Social brasileira. Outras, são menos convencionais, como liberar leis de controle de armas e restringir o investimento chinês no Brasil. A The Economist conta que a opinião pública se tornou mais militante e que a influência do conservadorismo tem mostrado crescimento.

Em setembro, exemplifica, o Banco Santander encerrou abruptamente uma exposição de arte em Porto Alegre, no sul do País, que incluía uma pintura que mostrava que alguém fazendo sexo com um animal. “Ativistas disseram que a instituição promoveu blasfêmia e bestialidade.”Continua depois da publicidade

Cerca de mil pessoas se juntaram a uma “marcha cristã para o Brasil” em 16 de outubro, em São Paulo. Alguns empunhavam bandeiras que exigiam que os militares assumissem o País. Bolsonaro, que foi batizado no rio Jordão no ano passado, atrairá o apoio dos evangélicos. Eles constituem o quinto da população, de acordo com o recenseamento realizado em 2010 – três décadas antes, eram um em cada 15.

A raiva com a economia, o crime e a corrupção aumentarão o apoio a Bolsonaro, prevê a publicação. Apesar de uma recente recuperação do crescimento econômico, a taxa de desemprego ainda está alta, em 12,4%, e a pobreza está aumentando. A taxa de homicídio está subindo. Michel Temer, o atual presidente, sobrevive no cargo apenas porque o Congresso rejeitou duas vezes os recursos dos promotores para julgamento por corrupção. Sua aprovação é de 3%. Apenas 13% dos brasileiros pensam que a democracia funciona bem; um terço queria outro golpe. Quase 60% deseja um presidente de fora de um dos três maiores partidos.

Preço pago

Bolsonaro tem uma carreira de 26 anos no Congresso e é agora membro do Partido Social Cristão, que tem apenas 11 dos 513 assentos na Câmara dos Deputados. Ele paga um preço: o dinheiro público para campanhas e horários na televisão e no rádio é distribuído de acordo com a participação dos partidos no Congresso.

“Mas o dinheiro tornou-se menos importante, uma vez que as reformas recentes limitaram as despesas de campanha e proibiram as doações corporativas”, comenta a reportagem. O potencial candidato se orgulha de gastar apenas R$ 1 milhão em sua campanha (em 2014, Dilma gastou 300 vezes mais).

Ele está apostando nas mídias sociais: tem 4,8 milhões de seguidores no Facebook, mais do que qualquer outro político brasileiro, e publica vários vídeos por dia, muitos dos quais são vistos por mais de 1 milhão de pessoas. Sua campanha está bem organizada, na avaliação da The Economist. Em Belém, ele contratou mulheres para lidar com qualquer manifestante feminina que pudesse aparecer; enviar homens para enfrentá-las poderia produzir uma cobertura de imprensa negativa.

“Bolsonaro é o único candidato honesto que temos”, explica Bárbara Lima, uma voluntária de 27 anos. “Não há provas de que ele é racista ou homofóbico.” Os mais antigos lembram a ditadura militar com carinho. “Minha infância foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Eu tinha liberdade, segurança e saúde”, lembra Tom Meneses. “Então, os socialistas chegaram ao poder”. Apesar da fúria e nostalgia, as probabilidades vão contra Bolsonaro se tornar presidente. Um terço dos brasileiros se nega a votar nele no primeiro turno.

À medida que a economia melhora, menos podem apostar em uma presidência radical, considera a revista. O sistema eleitoral de duas rodadas torna difícil para os extremistas ganharem; em uma segunda volta, a maioria moderada se desvia para o concorrente mais convencional.

“O único candidato com taxas de rejeição mais altas que Bolsonaro é Lula, mas ele pode não ser capaz de concorrer se um tribunal superior sustentar sua condenação”, explicou a publicação. Sua desqualificação tornaria as coisas ainda mais difíceis para o radical do Rio. Mesmo assim, a forte exibição precoce de Bolsonaro é um sinal de alerta, destaca a The Economist. “Os candidatos de centro devem provar que estão mais bem preparados do que os extremistas para reparar o dano que os políticos fizeram.”

(Célia Froufe, correspondente)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Últimas Notícias

Screenshot_20250912_125149_Gallery
Diretores visitam Guajara-Mirim
Presidente do Sinpfetro denuncia golpe contra sindicalizados utilizando nome de advogado
ALERTA MÁXIMO: Presidente do Sinpfetro denuncia golpe contra sindicalizados utilizando nome de advogado
IMG-20250820-WA0133
Ministro Waldez Gois, recebe sindicalistas dos ex-Territórios
Diretores do Sinpfetro, recebem DIretores do Sinpol
Igreja
Juscelino Moraes do Amaral é homenageado pelo 5° BEC.
Juscelino Moraes do Amaral é homenageado pelo 5° BEC.
Juscelino Moraes do Amaral é homenageado pelo 5° BEC.
Policial Coruja é Homenageado pelo 5º BEC em Cerimônia Comemorativa 2
Policial Coruja é Homenageado pelo 5º BEC em Cerimônia Comemorativa
Screenshot_20250729_172005_Gallery
Novas mudanças nos aptos do Sinpfetro

Últimas do Acervo

Screenshot_20250815_082944_WhatsApp
Luto - Raimundo Nonato Ribeiro - Mão Grande
Screenshot_20250608_200007_WhatsApp
Luto - Jean Fialho Carvalho
Screenshot_20250510_164254_Facebook
Luto - Heloisa Brasil da Silva
Screenshot_20250416_120604_Facebook
Luto - Paulo Afonso Ferreira
Screenshot_20250317_110142_Chrome
Luto - Morre o Cel. Walnir Ferro
Screenshot_20250314_174025_WhatsApp
Homenagem do Tribunal de Justiça de Rondônia, a sindicalizada, Maria Ivanilda de Andrade
Screenshot_20250314_130349_Facebook
GUERREIRAS DA LEI: HONRA E CORAGEM DAS MULHERES POLICIAIS CIVIS
FB_IMG_1740562478358
HOMENAGEM "POST MORTEM" AO DR. JOSÉ ADELINO DA SILVA.
Screenshot_20250114_065730_Chrome
Quatro anos do falecimento do colega José Rodrigues Sicsu
Screenshot_20250111_050851_Gallery
Dois anos do falecimento do colega Dativo Francisco França Filho

Conte sua história

Screenshot_20250314_130349_Facebook
GUERREIRAS DA LEI: HONRA E CORAGEM DAS MULHERES POLICIAIS CIVIS
20220903_061321
Suicídio em Rondônia - Enforcamento na cela.
20220902_053249
Em estrada de barro, cadáver cai de rabecão
20220818_201452
A explosao de um quartel em Cacoal
20220817_155512
O risco de uma tragédia
20220817_064227
Assaltos a bancos continuam em nossos dias
116208107_10223720050895198_6489308194031296448_n
O começo de uma aventura que deu certo - Antonio Augusto Guimarães
245944177_10227235180291236_4122698932623636460_n
Três episódios da delegada Ivanilda Andrade na Polícia - Pedro Marinho
gabinete
O dia em que um preso, tentou esmurrar um delegado dentro do seu gabinete - Pedro Marinho.
Sem título
Em Porto Velho assaltantes levaram até o pesado cofre da Padaria Popular