Integrantes da Condsef e Sérgio Mendonça (centro) Secretário de Relações de Trabalho do Ministério do Planejamento. Negociador prevê acordo com fiscais do Ministério da Agricultura.
BRASÍLIA – Em mais uma rodada de negociações com o governo, sindicatos de servidores federais rejeitaram ontem a proposta do governo de reajuste de 15,8% em três anos, apresentada em reuniões no Ministério do Planejamento. Até as 19h, quatro dos seis encontros tinham acabado sem acordo. Coube ao secretário de Relações de Trabalho do Planejamento, Sérgio Mendonça, reiterar aos sindicalistas a decisão do governo de não ir além dos 15,8%. Segundo Mendonça, as categorias têm até as 7h de terça-feira para assinarem o acordo ou ficarão sem aumento em 2013. Na sexta-feira, o governo havia dito que o prazo limite do acordo seria hoje.
Apesar do impasse, Mendonça disse à noite, após as reuniões, que espera fechar um acordo com fiscais agropecuários, ligados ao Ministério da Agricultura. Ele disse ainda que apresentou uma proposta diferenciada para os servidores do Meio Ambiente, com reajustes de 20% a 50%, que ficaram de avaliar e dar uma resposta ao governo.
O diretor da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Pedro Armengol, não gostou do que ouviu na negociação. Para ele, a tendência é que os servidores rejeitem a proposta em assembleias em todo o país amanhã. Nesse caso, em vez de assegurarem aumentos anuais de 5% em 2013, 2014 e 2015, as 18 categorias representadas pela Condsef — cerca de 200 mil servidores na ativa e 310 mil aposentados — não terão aumento, mas prometem continuar mobilizadas.
— Do ponto de vista do ambiente da negociação, isso é muito ruim. É uma imposição. Acho que negociação é a capacidade de ceder. Se as partes na cedem, não tem negociação. Soou muito como uma imposição e não como uma negociação — disse Armengol, que é também diretor-executivo da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Mesmo sem ter suas reivindicações atendidas — a Condsef pedia aumento de 78% em prazo negociável — o sindicalista afirmou que a tendência é que a greve dos servidores termine em 31 de agosto. Essa é a data-limite para envio ao Congresso do projeto de lei orçamentária, com a previsão dos gastos de pessoal em 2013, conforme definido na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
— A tendência natural é a greve se encerrar. A luta continua. O mundo não se acaba em 2012 — disse.
O presidente da Associação Nacional dos Procuradores Federais, Rogério Filomeno Machado, criticou a proposta do governo:
— Isso não repõe nem a inflação futura.
Ligados à Advocacia-Geral da União (AGU), os procuradores fazem parte das carreiras de Estado, que reúnem 22 categorias. Sindicalistas desse grupo reuniram-se com Mendonça e rejeitaram o reajuste. Houve contraproposta: aumento de 25,9%, com reajuste de 6%, em 2013; 8%, em 2014; e 10%, em 2015.
O coordenador da União das Carreiras de Estado (UCE), Pedro Delarue, que é presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), disse que Mendonça declarou ser “difícil” atender ao pedido. Mas ficou de dar uma resposta amanhã:
— Ele (Mendonça) falou que, diante dos limites que foram dados a ele, seria difícil. Mas que levaria a questão ao governo.
As 22 carreiras reúnem cerca de 50 mil servidores. Entre eles, auditores da Receita Federal, servidores do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários e analistas do Tesouro.
O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal de São Paulo, Amaury Portugal, também rejeitou o reajuste. Ele admitiu que a negociação está encerrada, mas descartou a possibilidade de mais greves pela frente.
— Não vamos fazer greve nem operação padrão em aeroporto. Isso é palhaçada — garantiu.
Amaury disse que é melhor ficar fora do acordo e voltar a negociar em 2013.
— Se fechássemos acordo agora, ficaríamos amarrados por três anos.
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