O que o Palácio do Planalto mais queria era compartilhar a crise da Operação Lava Jato com o Congresso Nacional; isso foi conseguido depois que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu solicitar a abertura de inquéritos contra os presidentes das duas casas legislativas, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL); para a oposição, foi também um grande alívio saber que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), embora citado pelo doleiro Alberto Youssef, só bateu na trave e teve seu caso arquivado; coincidência ou não, Janot deverá ser reconduzido ao comando da Procuradoria-Geral da República em junho deste ano e está bem na foto tanto para o governo como para a oposição
247 – A temida “lista de Janot” saiu ao gosto do Palácio do Planalto e da oposição. De um lado, o governo federal conseguiu uma trégua, ao compartilhar a crise da Operação Lava Jato com o Poder Legislativo. Agora, com a inclusão dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no rol dos investigados, qualquer iniciativa antidemocrática, como um eventual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, estará fadada ao fracasso. Afinal, com que autoridade moral o Congresso poderá levar adiante um processo de cassação? (leia mais aqui).
Na oposição, a “lista de Janot” também foi recebida com alívio. Especialmente depois que se soube que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) bateu na trave (leia mais aqui). Embora citado pelo doleiro Alberto Youssef em um de seus depoimentos, o presidente nacional do PSDB teve seu caso arquivado. Com isso, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) se sentiu livre para anunciar que os tucanos não pretendem aliviar com nenhum dos personagens citados.
No mar de conspirações de Brasília, há intrigas para todos os gostos. Uma delas, a de que Janot agiu em sintonia com o Palácio do Planalto. Outra, a de que a própria procuradoria-geral da República teria vazado a inclusão do nome de Aécio Neves, o que foi cogitado há uma semana pelo jornalista Ricardo Boechat, em comentário na Bandeirantes, para depois se tornar credora do senador mineiro com o arquivamento do caso.
Coincidência ou não, Janot poderá ser reconduzido ao cargo em junho deste ano, para um segundo mandato como procurador-geral da República. A tendência é que a presidente Dilma Rousseff indique seu nome. Mas como se trata de um cargo que é também político, boas relações com a oposição sempre contam pontos.
Na sexta-feira, caso o ministro Teori Zavascki decrete o fim do sigilo dos inquéritos, o Brasil saberá quem está ou não na lista. Segundo informações levantadas por 247, outro parlamentar que teve seu caso arquivado, além de Aécio Neves, foi o senador Humberto Costa (PT-PE). O que não significa que todos os petistas tenham sido protegidos. A ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT-PR), está na lista. Assim como outro ex-integrante do governo Dilma: o ex-ministro de Minas e Energia Édison Lobão.