Reforma da previdência incluirá alíquota maior para servidor e aumento do prazo de contribuição de militar

WhatsApp
Facebook
Twitter

 

As informações reveladas quinta-feira (14) pelo secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, representam uma pequena parte da reforma que o governo pretende fazer na área previdenciária. Marinho, que foi deputado federal (PSDB-RN) na legislatura encerrada mês passado, anunciou duas decisões importantes tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro: a opção em propor idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres e o estabelecimento de um prazo de 12 anos de transição do atual para o novo regime de aposentadoria.

Mas há várias outras deliberações significativas já tomadas. No plano político, a principal delas é que será confiada aos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a condução do processo. Senhores de respeitáveis maiorias em suas respectivas casas, eles definirão os trâmites a seguir e o calendário de votação. “Eles montaram bem as comissões, mostraram que têm liderança e vão nos ajudar a aprovar”, diz uma fonte do governo.

No conteúdo, está acertado que será proposta a elevação da alíquota de contribuição previdenciária paga pelos servidores públicos, hoje fixada em 11% da remuneração bruta. A ideia é passar para 14%, o que vai melhorar a vida principalmente dos estados, todos atualmente às voltas com gastos com inativos insuportáveis.

Outro ponto pacificado é que vai aumentar o tempo mínimo de contribuição exigido dos militares como pré-condição para passarem à reserva. Ele deve passar de 30 para 35 anos. O tema militar é dos mais controversos na definição dos detalhes finais da proposta. Discute-se a possibilidade de incluir a exigência de idade mínima dos militares, até agora sem consenso.

Durante as mais de três horas de reunião no Palácio da Alvorada entre Bolsonaro e os ministros Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil), na quinta, discutiu-se a alternativa de sugerir idade mínima de 55 anos para os militares – ou seja, dez a menos do que o proposto aos civis. Especialistas não aprovam a diferença, que pode ser percebida como um inaceitável privilégio e atrapalhar politicamente a aprovação da proposta. Se não for possível estender aos militares a idade mínima instituída para os demais segmentos da sociedade, ponderam alguns, é melhor não botar idade mínima nenhuma para as Forças Armadas.

Caberá ao general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), negociar com os chefes das Forças Armadas uma solução consensual. “Os militares vão entrar na reforma, mas isso vai ser conduzido com cuidado. O general Heleno vai ter toda a liberdade para isso. Bolsonaro não vai bater de frente com os militares”, explica uma pessoa com acesso ao tema.

Uma parte fundamental da reforma da previdência idealizada pela equipe econômica já veio à luz e passou até agora despercebida. A Medida Provisória 871, do último dia 18 de janeiro, tirou dos sindicatos o poder de dar prova testemunhal do exercício da atividade rural. A MP determina que, a partir de 1º de janeiro de 2020, o trabalhador terá de se cadastrar em uma agência governamental e comprovar diretamente a ela todas as informações necessárias à aposentadoria. O governo não deverá mexer no tempo de contribuição exigido dos trabalhadores rurais, confiante no impacto dessa mudança. Ela permitirá fechar uma porta hoje bastante usada para fraudes, alega o governo e confirma um técnico independente ouvido pelo Congresso em Foco. A mesma MP também restringe os critérios para conceder diversos benefícios assistenciais.

Grande parte da reforma vestirá o figurino de proposta de emenda à Constituição, a famosa PEC, aquela que precisa dos votos de no mínimo 308 deputados e 49 senadores para virar norma jurídica. Nacos da proposta, porém, chegarão ao Congresso na forma de projeto de lei. O Ministério da Economia e a Casa Civil estão definindo em conjunto essa formatação final.

Também há controvérsia no governo sobre as regras de transição do atual regime para o novo. Nesse ponto, uma sinalização importante é o prazo escolhido para a transição. Os 12 anos pelos quais se definiu Bolsonaro – dois a mais do que o número defendido por Paulo Guedes – representam uma expressiva mudança em relação aos 20 anos previstos no substitutivo da reforma proposta pelo ex-presidente Temer. Quanto mais rápida a transição, maior o ganho fiscal para o governo e mais dura fica a regra para o trabalhador.

Bolsonaro é contra a ideia de desvincular as aposentadorias do salário mínimo, que hoje lhes serve de piso. Mas há expectativa quanto à data de corte da reforma (a partir de quando valerão a nova idade mínima e as regras de transição) e a diversos outros detalhes importantes. Um deles é a eventual inclusão no pacote do abono salarial, pago anualmente aos trabalhadores inscritos no PIS/Pasep que tenham renda de até dois salários mínimos e tenham trabalhado com carteira assinada pelo menos 30 dias no ano. Em 2015, sob a batuta da presidente Dilma Rousseff e do ministro Joaquim Levy, o abono passou a ser proporcional ao tempo trabalhado. Mesmo assim, ele ainda custa cerca de R$ 17 bilhões por ano aos cofres federais. A equipe econômica e técnicos da área previdenciária acham que é dinheiro demais para um país ao qual faltam recursos para custear serviços públicos básicos, como saúde e segurança pública. Não se sabe, contudo, se o tema fará parte da reforma.

Está previsto para quarta-feira (20) o anúncio oficial da proposta que será encaminhada ao Congresso, a ser feita pelo próprio presidente da República. O governo espera aprová-la, tanto na Câmara quanto no Senado, ainda no primeiro semestre deste ano. Um bem informado assessor palaciano chega a arriscar um palpite de placar. “Se a votação fosse hoje, teríamos pelo menos 320 votos na Câmara e uns 55 no Senado”, arrisca ele.

 

Foto: Fernando Frazão

Fonte: Congresso em foco,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Últimas Notícias

Screenshot_20241208_210649_WhatsApp
Luto - David Barroso de Souza
Screenshot_20241010_083144_WhatsApp
Nesta sexta-feira, café da manhã no Sinpfetro
IMG-20240918-WA0281
Luto - Renato Gomes Abreu
Screenshot_20240916_193205_Gallery
Luto - Mauro Gomes de Souza
Screenshot_20240804_200038_Facebook
BEE GEES E O BULLYING - Jair Queiroz
Screenshot_20240730_075200_WhatsApp
Nota de pesar - OLINDINA FERNANDES SALDANHA DOS SANTOS
Screenshot_20240718_121050_WhatsApp
Luto - Adalberto Mendanha
Screenshot_20240714_160605_Chrome
Luto - Morre Dalton di Franco
Screenshot_20240702_125103_WhatsApp
Luto - Cleuza Arruda Ruas
Screenshot_20240702_102327_WhatsApp
Corpo de Bombeiros conduz o corpo do Colega Jesse Bittencourt até o cemitério.

Últimas do Acervo

Screenshot_20241020_205838_Chrome
Dez anos do falecimento do colega, Henry Antony Rodrigues
Screenshot_20241015_190715_Chrome
Oito anos do falecimento do colega Apolônio Silva
Screenshot_20241005_173252_Gallery
Quatro anos do falecimento do colega Paulo Alves Carneiro
Screenshot_20240929_074431_WhatsApp
27 anos do falecimento do José Neron Tiburtino Miranda
IMG-20240918-WA0281
Luto - Renato Gomes Abreu
07-fotor-202407269230
Vário modelos de Viaturas usadas em serviço pela PC RO
Screenshot_20240831_190912_Chrome
Dois anos da morte do colega Aldene Vieira da Silva
Screenshot_20240831_065747_WhatsApp
Quatro anos da morte do colega Raimundo Nonato Santos de Araújo
Screenshot_20240827_083723_Chrome
Quatro anos da morte do colega Altamir Lopes Noé
Screenshot_20240811_181903_WhatsApp
Cinco anos do falecimento do colega Josmar Câmara Feitosa

Conte sua história

20220903_061321
Suicídio em Rondônia - Enforcamento na cela.
20220902_053249
Em estrada de barro, cadáver cai de rabecão
20220818_201452
A explosao de um quartel em Cacoal
20220817_155512
O risco de uma tragédia
20220817_064227
Assaltos a bancos continuam em nossos dias
116208107_10223720050895198_6489308194031296448_n
O começo de uma aventura que deu certo - Antonio Augusto Guimarães
245944177_10227235180291236_4122698932623636460_n
Três episódios da delegada Ivanilda Andrade na Polícia - Pedro Marinho
gabinete
O dia em que um preso, tentou esmurrar um delegado dentro do seu gabinete - Pedro Marinho.
Sem título
Em Porto Velho assaltantes levaram até o pesado cofre da Padaria Popular
cacoal
Cacoal nas eleições de 1978 - João Paulo das Virgens