Um flash de uma máquina provocou um assassinato – Pedro Marinho.

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No início dos Anos 80, mais precisamente no ano de 1983, em mês que não recordo, estando eu como delegado regional em Guajará Mirim-RO, fui chamado ao setor de rádio, pois o sub-delegado de Abunã,  Arlindo Moura, já falecido, desejava falar comigo urgente. Ao falar com o mesmo, esse de imediato bem aflito, informou que havia ocorrido um homicídio numa região distante da localidade de Abunã  há quase 48 horas  e o cadáver de uma pessoa conhecida apenas por Ceará, ainda se encontrava insepulto e o homicida cujo nome era Antonio, ainda estava solta pela localidade, mas ele Arlindo estava trabalhando sozinho e não tinha um bom veículo para o devido deslocamento, considerando as péssimas condições de trafegabilidade das estradas em decorrência das chuvas.

Depois de ouvir o seu relato, disse ao mesmo que ainda naquela manhã deslocaria o João Pomba com alguns policiais, para o local, mas antes teria que arrumar uma camioneta com Prefeitura, com tração nas quatro rodas , para assim ter condições de chegar ao distante local onde ocorreu o homicídio.

Na mesma manhã, consegui com o Prefeito Isaac Benesby o veículo e fui até o Fórum, falar com o juiz Sebastião Teixeira Chaves, quando lhe comuniquei o fato e expliquei que diante da impossibilidade de um perito ou mesmo do deslocamento do camburão do IML de Porto Velho, não tinha como remover o cadáver e assim seria feito de forma improvisada um laudo por um perito ad-hoc e fotos, principalmente dos ferimentos.Tendo o magistrado que já tinha sido delegado de polícia, depois de ouvir as minhas explicações entendendo as dificuldades da época, autorizado que assim fosse feito.

Ao passar por Abunã, Arlindo se juntou a equipe e foram até o local do crime que ficava numa estrada carroçável e ali em certo trecho, localizaram o corpo já em estado de decomposição, sendo observado que havia uma única perfuração na face. Adotado os procedimentos de praxe, com fotos e descrição do corpo, o mesmo foi levado a pequena localidade e ali enterrado, num pequeno cemitério, utilizado pelos moradores da distante localidade.

Após resolver a questão relativa ao cadáver, os policiais tomaram conhecimento que o autor do homicídio era um trabalhador de um sítio, um sujeito bastante ignorante, pois jamais tinha saído dali e portanto, seria bom ter prudência com o mesmo, pois poderia reagir.

Após receber as devidas informações e o local onde poderia ser encontrado os policiais foram até o sítio e cautelosamente chegaram até o sujeito que estava trabalhando na roça e lhe deram voz de prisão, tendo o mesmo pego de surpresa, aceitado sem nenhuma reação a prisão, quando os policiais logo verificaram que a poucos metros se encontrava sob o solo uma espingarda, provavelmente a mesma utilizada no crime, sendo a arma aprendida junto com toda munição.

Depois de horas, finalmente os policiais e o preso chegaram a delegacia, quando então verificando que não caberia flagrante, resolvi ouvi -lo em cartório e o mesmo ao adentrar na sala, me pareceu uma pessoa bem simplória, um sujeito bruto como classificamos no Nordeste, quando então tentei deixá-lo mais a vontade e procurei saber sobre a sua vida, constatando que se tratava de uma pessoa realmente leiga de tudo, pois ele mesmo se dizia ‘roceiro’, ou seja, jamais tinha saído da roça.

Ao iniciar o interrogatório, fiz logo a pergunta sobre o motivo do crime, quando então veio a inusitada resposta, dizendo ele autor do crime, que ele o morto tentará cega-lo, razão pela qual ele premeditou e executou o crime. Com a minha insistência ele passou a explicar que o morto era vendedor de bijuterias levadas no lombo de um burro e que vendia nas portas das casas e que certo dia, chegou na roça onde ele estava trabalhando e tentou vender uma máquina para tirar retrato e ao mostrar o equipamento, disparou uma luz que o deixou totalmente desnorteado e passou a xingar o vendedor que rapidamente saiu do local.

Continuando seu relato, ele disse que naquela noite praticamente não dormiu, pois via todo tempo umas luzes azuladas na sua visão e então enfiou na cabeça que aquele vendedor com aquele coisa, teve realmente a intenção de cega-lo e aí passou a alimentar o desejo de vingança, ou seja, ia espera-lo num local ermo da estrada e iria mata-lo.

Dois ou três dias depois, sabedor que o tal sujeito se encontrava comercializando pelas redondezas, ficou de tocaia numa trilha onde todos passavam, até que ele o vendedor apareceu trazendo o seu burro e ele Antonio saiu do esconderijo e gritou: ‘Safado você tentou me cegar e agora vou mata-lo’ e já disparou um tiro fatal na pobre vítima,  em razão de um  simples acionamento do flash da máquina fotográfica.

Dramas e comédias do nosso cotidiano.

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