Yassuyochi Chiba
Josias de Souza
Dilma Rousseff passou 13 anos guerreando para emplacar a tese segundo a qual o seu governo e o de Lula foram diferentes do de Fernando Henrique Cardoso. De repente, a presidente petista pega em lanças para provar que, em matéria de perversão fiscal, sua gestão é igualzinha à administração do antecessor tucano. Acusada pelo TCU de sacar a descoberto em bancos estatais, Dilma sustenta que, em 2000 e 2001, FHC também deu suas pedaladas.
Embora tenha pedalado muito mais do que FHC, Dilma invoca o passado para mostrar que, quando assumiu a Presidência, já não havia nenhum pecado original. Por essa lógica, o TCU não poderia torcer o braço de Dilma depois de ter livrado a cara de FHC. Admite-se, no máximo, que a Corte de Contas emita um aviso prévio: atenção, gente, a partir de agora a irresponsabilidade fiscal é pecado.
Em 2005, quando Roberto Jefferson jogou o mensalão no ventilador, Lula dissera, numa entrevista parisiense, que o PT fez apenas o que se faz sistematicamente no Brasil. No petrolão, o PT escorou-se no depoimento de dois delatores para trombetear que as irregularidades na Petrobras começaram na gestão FHC.
Quando precisa atenuar suas culpas, o petismo aposenta o ‘nunca antes na história’ e passa a reivindicar a companhia do tucanato. Não podendo elevar sua estatura, Dilma adere à tática do rebaixamento do teto.