O governo da presidente Dilma Rousseff acompanha com preocupação o congresso organizado pela Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, que ocorrerá nesta terça (17), em Brasília, e que deve marcar um primeiro movimento de afastamento gradual do partido da administração da petista, segundo a Reuters; a ministros petistas, Temer afirmou que o encontro será para discutir um programa para o país, que poderia ser debatido com o governo Dilma e, se as ideias peemedebistas não forem adotadas, podem ser um programa de governo do partido para 2018; o vice disse ainda que a ala que pede a saída do PMDB do governo é minoritária; no entanto, a Reuters diz que o PMDB realmente inicia um processo de desembarque do governo, mesmo tendo recebido sete pastas na reforma ministerial feita pela presidente em setembro
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – O governo da presidente Dilma Rousseff acompanha com preocupação o congresso organizado pela Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, que acontece nesta terça-feira, em Brasília, e que deve marcar um primeiro movimento de afastamento gradual do partido da administração da petista, informaram à Reuters fontes do governo.
Ministros petistas questionaram o vice-presidente, Michel Temer, sobre as informações de que o congresso, mesmo sem ter poder para tomar a decisão de rompimento com o governo, poderia marcar o início deste afastamento. Nas conversas, Temer afirmou que o encontro será para discutir um programa para o país, que poderia ser debatido com o governo Dilma e, se as ideias peemedebistas não forem adotadas, podem ser um programa de governo do partido para 2018.
Temer disse ainda, em conversa com os ministros, que a ala que pede a saída do PMDB do governo é minoritária, mas que deve fazer barulho durante o encontro.
Fontes do partido ouvidas pela Reuters informaram, no entanto, que o PMDB realmente inicia um processo de desembarque do governo, mesmo tendo recebido sete pastas na reforma ministerial feita pela presidente em setembro deste ano. A insatisfação pelo que vêem como uma traição a Temer levou uma ala importante do partido a se afastar do Planalto.
Mas, diz uma fonte, esse é um trabalho silencioso, ao contrário do grupo que deve pregar, nesta terça-feira, a saída do governo, apresentando moções que devem ser votadas em plenária, mas não tem força legal dentro do partido.
“Ainda é um seguimento minoritário dentro do partido. O PMDB é um partido com abertura total e nós vamos ter manifestações das mais variadas. O que a direção da sigla tem de ter é habilidade e competência suficientes para aferir qual é a vontade majoritária do partido”, disse o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, ao sair da reunião de coordenação política, na manhã desta segunda.
Boa parte da reforma ministerial feita por Dilma foi para tentar acomodar o PMDB, maior partido no Congresso Nacional e de quem o Palácio do Planalto depende para aprovar qualquer medida.
Ainda assim, os peemedebistas ouvidos pela Reuters avaliam que a aliança com o PT se esgotou e preparam um distanciamento, já de olho nas eleições municipais de 2016, mas principalmente pela decisão de lançar uma candidatura própria à Presidência em 2018.
Na noite desta segunda-feira, Temer jantará na casa da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), uma das maiores defensoras da saída do partido do governo. Ex-petista, Marta quer concorrer à prefeitura de São Paulo contra o atual prefeito, Fernando Haddad (PT), que é apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Marta tem para isso apoio de Temer.
Há cerca de duas semanas, o partido divulgou o documento, “Uma ponte para o futuro”, em que apresenta propostas econômicas que claramente delimitam a distância entre o PMDB e o PT. Entre as ideias, a desvinculação do aumento do salário mínimo do crescimento do Produto Interno Bruto e a possibilidade de convenções coletivas se sobreporem à legislação trabalhista.
O documento, que será debatido pelo partido na manhã de terça-feira, seria a base de um futuro programa de governo peemedebista.