Por Damien Mascret – Le Figaro
Na menopausa, a distribuição das gorduras se modifica no corpo das mulheres: menos nas coxas ou nas nádegas e mais no abdômen, dando origem ao que os médicos chamam de obesidade abdominal. É uma injustiça flagrante, mas isso pode mudar em breve. Pesquisadores americanos publicaram no último número da revista internacional “Diabetes”, com comprovação em ratos, que uma enzima, a ALDH1A1, talvez seja a chave do mistério. Quando esta enzima é removida em um rato geneticamente modificado, mesmo sendo uma fêmea submetida a uma dieta rica em gorduras, ela não engorda. Por isso, o sonho de bloquear a enzima encontra uma primeira chance de se tornar realidade.
No último mês de junho, o Prof. Jorge Plutzky e sua equipe de Harvard (Estados Unidos) destacaram também na revista Nature Medicine as implicações terapêuticas da enzima ALDH1A1 na plasticidade dos adipócitos, as células que armazenam gorduras. A universidade de Ohio, por sua vez, já testou com êxito as células sem ALDH1A, inseridas no abdômen do rato, de modo a promover o consumo de gorduras.
Podemos extrapolar isso a partir dos ratos para as mulheres? A médica Ouliana Ziouzenkova, professora de nutrição na Universidade de Ohio (Estados-Unidos), que lidera essas pesquisas, revelou seu otimismo ao Le Figaro: «Por um lado, a enzima ALDH1A1 é expressa do mesmo modo nas mulheres e nos ratos. Por outro lado, as mulheres obesas têm mais enzimas que aquelas com peso normal.»
Reduzir as calorias
Esquematicamente, o organismo tem duas opções no que diz respeito às gorduras trazidas pela alimentação: ou ele as queima ou as armazena. A equipe de Ziouzenkova descobriu porque o corpo feminino queima menos gordura na menopausa: «Com o fim do bloqueio da ALDH1A1, as células adiposas começam a armazenar gorduras em vez de queimá-las », ela explica. Para a Dra. Juliane Berdah, ginecologista, endocrinologista e nutricionista em Paris, é, sobretudo, o local de armazenamento que muda, com a idade, as gorduras se distribuem mais facilmente na cintura abdominal.
E os homens? Também eles gradualmente fabricam cada vez mais gordura abdominal, subcutânea e visceral com a idade, uma vez que nos dias de hoje os idosos costumam ter dieta muito rica aliada à falta de atividade física. Com isso, as diversas enzimas da família ALDH nunca são neutralizadas devido à ausência de estrogênios.
«Todo mundo está à procura do medicamento que vai retirar a gordura da barriga e estes trabalhos são interessantes. Mas é preciso ter cuidado, pois até agora estamos trabalhando com ratos, e não com pessoas humanas», observa a Dra. Juliane Berdah. Ela recorda que «sozinha, a atividade física já permite purificar a gordura visceral ». Outra pergunta levantada pela especialista: «A ALDH1 é uma enzima encontrada em todo o organismo, não sabemos o que pode acontecer se tentarmos bloquear a enzima no abdômen.»
A mesma preocupação é colocada pelo Prof. Jean-Michel Lecerf, do Instituto Pasteur e do Hospital Universitário de Lille: «Há muitos outros sistemas enzimáticos, hormonais e metabólicos envolvidos na obesidade. É interessante tratar especificamente a obesidade abdominal, mas não podemos concluir isso muito rapidamente. Por enquanto, recomenda-se especialmente reduzir as calorias em sua totalidade e ser fisicamente ativo.»
Exercício físico, um trunfo importante
O ganho de peso excessivo não é inevitável. As mulheres têm um trunfo importante para evitá-lo: o exercício físico regular. «As mudanças corporais associadas à idade são evitáveis através da manutenção de uma atividade física regular, explica a Dra. Berdah. Um desses estudos mostrou que as mulheres que estão na menopausa há uns dez-doze anos e que continuam a jogar tênis, são mais magras e musculosas do que as sedentárias. Elas mantêm seu peso, sua massa muscular e sua silueta. Neste estudo, as sedentárias têm 8 kg a mais, com uma localização de gordura principalmente na parte abdominal.» A atividade física regular não serve apenas para melhorar a morfologia. Ela permite reduzir o risco cardiovascular, a osteoporose e tem efeito protetor contra o câncer de mama