No início de 1981, o Negro Dario e mais uma dezena de presos fugiram da Ilha de Santo Antonio, depois de esfaquear um vigilante que fazia e a guarda externa do presídio. Fugiram dali, Carlinhos Palmeira e mais os seus primos, o Negão Santa Brígida, o individuo conhecido por Paulista e também Nego Dario, fugindo todos no sentido de Guajará-Mirim. No meio do caminho, como não se achava os fugitivos, alguns policiais resolveram regressar para Porto Velho, tendo eu, Manoel e Josimar esse último de Ji-Paraná e que tinha vindo a Porto Velho apanhar uns documentos, terminou também participando da operação.
Passamos onze dias no trecho, certo dia fomos informados que um individuo com as características do Paulista, havia passado pela estrada e ai pedi emprestada a camioneta de um garimpeiro e aliás, autorizei o mesmo a portar a espingarda e ele foi junto comigo e com o colega Josimar, que tomou o volante da camioneta, enquanto eu e o garimpeiro deitados na carroceria e ao chegarmos nas proximidades de Mutum-Paraná, avistamos o Paulista, seguindo pela estrada e pedindo carona, quando então, Josimar parou o veículo mais adiante e ele se aproximou, quando então eu e o dono da camioneta, saímos armados da carroceria e o surpreendemos o Paulista e mesmo ele com um revolver enrolado num saco, com as mãos para trás do corpo, pronto para reagir, mas quando viu três pessoas armadas e num lugar totalmente deserto se ajoelhou e pediu para não ser morto.
Depois de tal prisão, recolhi o mesmo na localidade de Jaci-Parana, mas os garimpeiros queria matá-lo e ai tive que levá-lo para Porto Velho. É importante dizer, que até prender o Paulista, eu e Josimar passamos cinco ou seis dias atrás dos fugitivos, eu ia para um lado e o Josimar ia para outro. Ele pegava um caminhão e ia para algum lugar da estrada eu pegava o caminhão do Frigorífico Wilson do Acre e ia para o outro e sempre muito mal acomodados, pois até debaixo de ponte tivemos que dormir.
Teve um dia que em encontrava tão cansado, que fui dormir debaixo da ponte e pedi a alguns populares que não deixassem ninguém cruzar a ponte, pois temia que pudesse ser um dos fugitivos e me surpreender dormindo e as pessoas de bom grado atenderam e ficaram vigiando a ponte, porém mesmo assim, utilizando o matagal o Nego Dario conseguiu passar e seguir em direção ao Acre e posteriormente ao ser preso, disse que me avistou e só não me matou, em razão das pessoas que se encontravam ali nas proximidades.
Ao amanhecer desse dia, fui até a Vila para conseguir gasolina para fazer o motor funcionar e assim passar um rádio para Porto Velho, para informar que os forasteiros estavam lá, solicitando o envio de reforços, o que de fato foi feito.
No primeiro tiroteio que Eu, Josimar e Manelão tivermos com ele, os grupo de policiais se separou e depois nos reencontramos, até a chegada dos demais colegas. Tendo chegado os delegados Walderedo Paiva e Jandi de Melo Lacerda e ainda os policiais João Vianney, Leite, Coruja, Norberto Savala, Jaime, Duarte, sendo que nessa ocasião eu me encontrava dormindo sob a ponte e fui acordado por Norberto se fazendo que eram os bandidos, me pregando assim um grande susto.
Eles os bandidos caminhavam quase sempre pela linha da rodovia Madeira Mamoré e ao passar pelos sítios, eles furtavam alimentos e armas.
No oitavo dia nas proximidades de Mutum-Paraná, eu e todos os policiais bem cansados e com fome, ao amanhecer, avistamos uma casa e ao tentarmos nos aproximar, fomos recebidos a bala por três fugitivos que estavam na residencia, quando revidamos e partimos em direção a casa e foi muito corre…corre, quando então percebi que algo havia acertado no meu rosto que sangrava e passei a gritar: ME ACERTARAM, ME ACERTARAM, quando os colegas vieram em meu socorro, perceberam que era alarme falso, pois apenas um galho de goiabeira que havia cortado o meu supercílio e não um tiro, como eu nervosamente imaginava.
Foi com certeza a parte hilária da aventura. O Nego Dario foi o último a ser preso no décimo primeiro dia na extrema do Acre, bastante abatido, pois há dias não se alimentava.