Ainda no inicio dos Anos 80, eu estava voltando, juntamente com Douglas, Fittipaldi e Juarez da cidade de Extrema do Acre, pois com tais colegas tinha ido até ali para averiguar um homicídio, ficando nós hospedados lá por dois dias em razão do péssimo tempo que tornava a estrada intransitável. Eram tempos bem difíceis para exercemos a atividade policial.
Ao retornar chegando ao Distrito de Jacy Paraná, nos encontramos com o subdelegado que era Aroldo Dunda, tendo o mesmo nos chamado reservadamente num canto da delegacia, para reclamar que haviam mandado para ajudá-lo, Claudionor Silva, o Kojak e que ele o auxiliar, estava lhe trazendo problemas.
Aroldo Dunda que sabidamente gostava muito da boemia, de tomar uns tragos, jogar sinuca, era também bastante conhecido como excelente dançarino e gostava de se divertir nas suas horas de folga, tendo Kojak, novo na atividade policial, após o estágio numa delegacia em Porto Velho, sido enviado para auxiliar Dunda em Jacy.
Ao chegar naquela localidade, Kojak já foi determinando o fechamento dos bares e cabarés até as 20 horas, acabando com a renda dos comerciantes e com a alegria de Dunda, que para não desautorizar o seu auxiliar, mesmo a contra gosto aceitou a determinação do mesmo.
O fato é que Aroldo em razão da autoridade do seu cargo, todas as noites discretamente ia aos bares, entrava e fechava a porta do estabelecimento e ali ficava se divertindo a noite inteira, sem que Kojak percebesse, indo ele Aroldo dormir às 4 horas da manhã, mas, porém tinha problema sério, pois às 5 horas da manhã, Kojak devidamente trajado com a sua farda de cabo do Exército, batia na porta de Aroldo o acordando, para juntos hastearem a Bandeira do Brasil, o que era um verdadeiro tormento para ele Dunda, que não podia revelar ao colega sua noite mal dormida e tal sofrimento portanto, se repetia todos os dias.
Ao conversar comigo, Aroldo bem revoltado disse: “João pelo amor de Deus, fale com o secretário e dê um jeito de tirar esse Kojak daqui, pois, ou eu vou embora de Jacy ou vou terminar fazendo uma besteira com esse homem, pois ele está acabando com o Distrito e principalmente comigo, que estou sendo obrigado a me divertir escondido e ainda tendo que cedo da manhã, devidamente perfilado, cantar o Hino Nacional brasileiro e o povo de longe dando gargalhadas.
Depois dessa revelação de Aroldo, a equipe retornou para Porto Velho dando boas gargalhadas, imaginando Aroldo de ressaca, hasteando a Bandeira do Brasil e Kojak devidamente perfilado, cantando o Hino Nacional.
Esta história tem o propósito de lembrar e homenagear o nosso saudoso colega e amigo Kojak, que para cumprir o seu dever como servidor da SSP/RO, às vezes misturava as suas antigas atividades da caserna com a sua nova atividade profissional de policial civil, o que quase sempre se tornava um episódio bem pitoresco e divertido para todos nós e até mesmo para ele Kojak, quando suas histórias eram contadas, bem como homenagear o saudoso colega Aroldo Dunda, que deu bons exemplos de profissionalismo, enquanto esteve na instituição policial.