Meu primeiro dia de trabalho. Batismo com água (Ardente) – Edison Miranda

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MEU PRIMEIRO DIA DE TRABALHO. BATISMO COM AGUA (Ardente).

Como muitos colegas fui contratado em 1982 com efeitos retroativos a 21.12.81. Minha primeira lotação foi em Cerejeiras, aonde cheguei em um final de tarde início de noite.

Após me apresentar ao então sub-delegado Hazael Martins (hoje delegado de polícia aposentado e residindo no Rio de Janeiro, Por quem nutro um enorme carinho e agradecimento), este me acomodou em sua própria casa, Em seguida mostrou a delegacia, que aliás ficava ao lado da casa e conversamos um pouco a respeito do trabalho policial que eu começaria a desenvolver a partir do dia seguinte.

No outro dia já iniciados os trabalhos, por volta de meio-dia Hazael me perguntou se eu sabia dirigir e em seguida me apontou um jipe que havia no pátio e pediu para que eu fosse até ao restaurante existente na Rodoviária para pegar marmita para 2 presos o que havia na delegacia. Cheguei ao restaurante e me apresentei ao proprietário como policial e entreguei ao mesmo as marmitas. Como disse, o restaurante ficava na rodoviária, e eu fiquei do lado do balcão conversando com o proprietário enquanto as marmitas eram servidas. Nesse momento, Zezinho, o comerciante, me apontou um sujeito que estava na outra ponta do balcão tomando cachaça, usando aquele copo pequeno do fundo grosso, típico para a bebida. Segundo o comerciante, aquele senhor estava bebendo desde a noite passada, e havia oferecido um relógio de pulso como garantia do pagamento, já que estava sem dinheiro naquela ocasião. O comerciante perguntou se tinha algum problema a esse respeito.

Enquanto conversávamos, eu falando que não via problema nenhum desde que ele devolvesse o relógio quando o sujeito lhe pagasse a dívida, percebi que aquele indivíduo se aproximava de mim, com o copo de bebida na mão. Imediatamente pensei que ele fosse me jogar a bebida, entretanto, sem nenhuma cerimonia o mesmo fechou a mão com aquele copo e me desferiu um soco do qual tentei me desviar, mas ainda atingiu meu rosto, a acima de um dos olhos, e o sangue começou a jorrar.

Tratava-se e um elemento de porte avantajado, forte e muito maior do que eu (o que para quem me conhece sabe que não é difícil encontrar alguém assim), de uns 30/35 anos. A primeira coisa que me veio a cabeça foi que como policial não poderia sair dali desmoralizado. Apesar da compleição física do indivíduo me ser desfavorável, eu estava com 19 anos e havia saído do quartel no ano anterior, e em Porto Velho treinava artes marciais em uma academia. Então partir pra cima do agressor como único pensamento de que não poderia deixar o mesmo me segurar. Por sorte, após algumas pernadas consegui derruba-lo e “apresentei meus sapatos” a ele algumas vezes. Em seguida, deixando-o no chão corri até o jipe, aonde eu havia percebido que tinha um cacetete de madeira de mais ou menos uns 80 cm de tamanho, então voltei e com aquele instrumento comecei a “massagear” o meu agressor.

Depois, vendo que o mesmo já estava no ponto, voltei ao carro e peguei uma corda que também tinha ali e o amarrei e o joguei no interior do veículo, e o levei para a delegacia aonde o deixei com um outro policial e fui até a Unidade mista local para fazer o curativo no ferimento. Como todos sabem, a grande maioria iniciou o trabalho sem carteira, sem arma e sem algemas. Eis o porque eu ter utilizado do cacetete e da corda que haviam no carro.

Bem! Esse foi o primeiro dia, dos meus 30 anos e 4 meses de trabalho como Policial Civil da União à disposição do ex-território de Rondônia.

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