Em total abandono, depósito abriga diversos produtos inflamáveis; servidores são obrigados a fazer o sobreaviso; criminalidade cresceu mais de 300% na cidade

EM RONDÔNIA – Comissão do Sinsepol comandada por Rodrigo Marinho vem denunciando o caos vivido pela Polícia Civil
DA REPORTAGEM LOCAL
O prédio que abriga a delegacia de polícia de Candeias do Jamari é uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento. O depósito da DP abriga vários produtos inflamáveis acondicionados de forma totalmente irregular. O risco de explosão é grande, considerando que o local não é apropriado para o armazenamento dos produtos, alguns extremamente voláteis.
A denúncia é do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Rondônia (Sinsepol). Os dados foram apresentados pela comissão formada pelo presidente Rodrigo Marinho, pelo diretor-financeiro, José Ribeiro, e pelo diretor-social, Adão James, que vem fazendo uma verdadeira radiografia das condições precárias da delegacias em todas as cidade de Rondônia.
De acordo com Rodrigo Marinho, as deficiências do prédio que abriga a DP em Candeias do Jamari – cerca de 20 quilômetros de Porto Velho, mas a um ano luz dos olhos do governo de Rondônia -, lembram o cenário de filme de terror, com teias de aranha, sem extintores de incêndio, goteiras por toda parte, e com as instalações físicas precárias, inclusive com banheiro interditado.
De acordo com a comissão, a meta é mostrar para a sociedade as causas que impedem a Polícia Civil de ampliar ainda mais os serviços prestados à população, e ao mesmo tempo, força o governo a sair do estado de inércia que encontra-se, em termos de segurança pública.
A comissão apurou ainda que o prédio não tem de extintores de incêndio, há goteiras por toda parte, a maioria dos aparelhos de ar condicionados está quebrada por falta de manutenção, o prédio não possui zeladoras para cuidar da limpeza, falta material de consumo e limpeza.
Para evitar um caos ainda maior, os servidores são os responsáveis pela limpeza e compra de matérias para manter o ambiente com as mínimas condições de higiene e dignidade, como vem acontecendo na maioria das delegacias no Estado, afirma Rodrigo Marinho.
NÚMEROS
Os índices de criminalidade registrados na Delegacia de Candeias do Jamari cresceram, em cinco anos, mais 300%. Dados apontados pelo setor de estatísticas mostram que em 2010, foram registradas 30 ocorrências de assaltos. Já em 2015, o número saltou para 314 casos, totalizando mais de 300%.
Rodrigo Marinho chama atenção para um problema grave: policiais estão sendo obrigados a dobrar plantão, sem receber nada pelos serviços. Os agentes trabalham das 8h às 22h, em algumas oportunidades. Em seguida, assinam entrada no plantão de sobreaviso. Quem for solicitado para uma ocorrência ou missão, e faltar, é punido e encaminhado à corregedoria. Ação que demonstra, além da coação, da falta de respeito pelo servidor, uma situação análoga à semi-escravidão, afirma o presidente Rodrigo Marinho.
Para o presidente do Sinsepol, o crescimento da violência no município, apesar da dedicação dos servidores da Polícia Civil, mostra a falta de investimento do governo no setor. A situação é grave, gera uma sobrecarga de trabalho aos servidores. O reflexo desta cadeia de ações, vai “desaguar” diretamente no aumento da sensação de insegurança da população.
Rodrigo Marinho avalia como um absurdo a maneira que o Estado trata a Polícia Civil. O abandono das delegacias não é um “privilégio” de Candeias do Jamari. Até mesmo na capital, onde os olhares do governo têm mais fiscalizadores, as delegacias estão desabando, estão infestadas por ratos, morcegos. Uma vergonha para um governo tirano, que persegue e tira direitos adquiridos do servidor, um governo perdulário, que virou a costa para a segurança da população, disse o presidente.
A comissão denuncia ainda que o comissariado funciona, com apenas um servidor que atende aproximadamente 80 pessoas por dia, causando uma longa fila de espera a falta de policiais para otimizar os serviços da delegacia. O cartório conta com o insignificante número de escrivães para atender uma demanda de procedimentos administrativos e legais, oitiva das vítimas, interrogatórios, dentre outros.